Ser negra enquanto afirmação política de um corpo não é algo inato para quem vive a experiência de ser vista como tal, mas parte de um processo de identificação revestido de intencionalidade que objetiva uma existência não subordinada. Nosso objetivo nesse artigo é compreender de que forma a tipificação de si enquanto negra, a partir do evento de se atribuir esta identificação, instaura uma nova temporalidade na experiência vivida de mulheres negras, implicando em diferentes formas de tipificar o mundo da vida nas temporalidades anterior e posterior ao evento. Recorremos à metodologia etnográfica de abordagem fenomenológica para alcançar as estruturas presentes na consciência das mulheres negras interlocutoras desta pesquisa, uma vez que consciência compreende aspectos sensoriais e não sensoriais, como emoção, pensamento e memória.