Abstract:Apresentamos neste ensaio um pequeno conjunto de relatos de caso recolhidos entre um grupo de pesquisadoras do Laborato?rio de Ecologia Humana e Etnobota?nica da Universidade Federal de Santa Catarina. Sa?o casos observados ao longo de 15 anos de experie?ncias de campo e fora dele, em torno do universo da pesquisa cienti?fica, que envolve pessoas como sujeitos/as/es em va?rias facetas do trabalho acade?mico. Relatamos experie?ncias de campo que mostraram os desafios das pesquisadoras e das entrevistadas, e a f… Show more
“…Esse valor refere-se apenas aos casos denunciados, portanto estima-se que esse número seja ainda maior [32]. O trabalho de campo na área da conservação por vezes pode gerar estresse psicológico devido à insegurança das mulheres em realizarem seu trabalho [33]. Tal situação gera uma sobrecarga no trabalho dessas profissionais, aumentando os desafios enfrentados por elas na execução de seus trabalhos.…”
Section: Percepções Sobre Discriminação De Gênerounclassified
A equidade de gênero é um fator central para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. Entretanto as mulheres continuam sendo minoria nas áreas de gestão ambiental. Diante dessa situação, propõe-se discutir como está o cenário atual de inserção das mulheres nas áreas de unidades de conservação no Brasil. Para isso, foram realizadas 140 entrevistas através de questionário online, direcionado às gestoras do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. No questionário havia perguntas sobre as relações de gênero no ambiente de trabalho e as suas possíveis implicações na vida profissional, pessoal e para a conservação da biodiversidade. Entre as entrevistadas, 77% citaram já terem sofrido algum tipo de discriminação relacionada ao gênero durante o seu trabalho, e a situação mais vivenciada é a de Mansplaining. A falta de acesso e de espaço para a atuação das mulheres na gestão de unidades de conservação gera assimetrias de gênero. Tais assimetrias podem gerar impactos diretos e negativos na conservação da biodiversidade. Esses resultados indicam que ainda se deve avançar na inserção das mulheres, para termos resultados mais efetivos de conservação.
“…Esse valor refere-se apenas aos casos denunciados, portanto estima-se que esse número seja ainda maior [32]. O trabalho de campo na área da conservação por vezes pode gerar estresse psicológico devido à insegurança das mulheres em realizarem seu trabalho [33]. Tal situação gera uma sobrecarga no trabalho dessas profissionais, aumentando os desafios enfrentados por elas na execução de seus trabalhos.…”
Section: Percepções Sobre Discriminação De Gênerounclassified
A equidade de gênero é um fator central para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. Entretanto as mulheres continuam sendo minoria nas áreas de gestão ambiental. Diante dessa situação, propõe-se discutir como está o cenário atual de inserção das mulheres nas áreas de unidades de conservação no Brasil. Para isso, foram realizadas 140 entrevistas através de questionário online, direcionado às gestoras do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. No questionário havia perguntas sobre as relações de gênero no ambiente de trabalho e as suas possíveis implicações na vida profissional, pessoal e para a conservação da biodiversidade. Entre as entrevistadas, 77% citaram já terem sofrido algum tipo de discriminação relacionada ao gênero durante o seu trabalho, e a situação mais vivenciada é a de Mansplaining. A falta de acesso e de espaço para a atuação das mulheres na gestão de unidades de conservação gera assimetrias de gênero. Tais assimetrias podem gerar impactos diretos e negativos na conservação da biodiversidade. Esses resultados indicam que ainda se deve avançar na inserção das mulheres, para termos resultados mais efetivos de conservação.
“…Neste sentido, os etnobotânicos com foco em comunidades quilombolas podem contribuir com discussões que rompam com o sistema mundo "europeu-norteamericano, moderno/capitalista/colonial/patriarcal/branco" científico, trazendo a importância dos sofisticados conhecimentos e relações de uso das populações indígenas e comunidades tradicionais com um viés antirracista (MIGNOLO, 2003;BALLESTRIN, 2013;BLANCO et al, 2021).…”
O objetivo deste trabalho foi apresentar os principais aspectos da pesquisa etnobotânica em quilombos da Mata Atlântica a partir de uma perspectiva étnico-racial. O desenvolvimento de pesquisas etnobotânicas brasileiras tem apresentado importantes avanços nas últimas décadas tanto em relação à diversidade de publicações como também em relação às questões éticas; neste sentido, o questionamento sobre o racismo institucional na pesquisa etnobotânica busca discutir questões sociais latentes em nossa sociedade que refletem também nas relações entre pesquisadores e colaboradores durante o desenvolvimento da pesquisa e que se apoiam no mito da identidade coletiva nacional e da neutralidade científica. A partir de uma revisão sistemática em bases indexadas (Scopus e Web of Science), foram padronizados dados oriundos de 89 estudos publicados entre 1988 e 2020, compreendendo mais de 1000 entradas de informações que, após filtragens por repetições e inconsistências, resultaram numa compilação de 15 artigos publicados sobre usos de 380 espécies de plantas. As principais categorias citadas foram medicinais e alimentícias. Nove pessoas autoras responderam a um questionário online, com perguntas sobre seu perfil pessoal e sobre as motivações para o desenvolvimento do estudo em comunidades remanescentes de quilombos. Os estudos confirmam a enorme diversidade de espécies e de usos pelas comunidades quilombolas, contudo também indicam hegemonia das pessoas que produzem o conhecimento científico, realizado por mulheres em sua maioria branca demonstrando a importância das discussões sobre gênero e branquitude nas pesquisas etnobotânicas.
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