Neste teatro textual, refletimos sobre o silêncio em três atos: 1. consideramos a significância do silêncio, a partir de Orlandi e em cotejo com outros autores; 2. analisamos o editorial do Lampião da esquina, com o objetivo de compreender como o si dos sujeitos homossexuais é falado em relação ao gueto e como esse dizer constitui resistência à censura moral imposta pela língua-de-espuma da ditadura militar; 3. evocamos asignificância do vestígio (trace) em Ricoeur e da ausculta em Heidegger, para especular sobre a escuta analítica em relação à temporalidade do silêncio. Para nós, o silêncio pode ser interpretado como a terceira margem do Rio Lethe (Ideologia), em relação à base material da língua (primeira margem), em que se dão os processos discursivos (segunda margem).