“…Devemos levar em conta também as amplas movimentações de povos indígenas nesta região, provocadas, desde o final do século XIX e primeira metade do século XX, pelo ciclo da borracha e pelas ações do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e que exerceram impacto determinante na atual configuração étnica do Alto Madeira e nas experiências de contatos e intercâmbios entre distintas populações e conjuntos multiétnicos. De fato, a Grande Rondônia pode ter se constituído como "área de refúgio" a partir do século XVII, em função da presença massiva da empresa colonizadora nas suas bordas (Leonel, 1995;Crevels;Van der Voort, 2008, p. 172;Trubiliano, 2017). Esses movimentos podem ser analisados, por exemplo, pela presença de um grupo Apurinã (Aruak) em Rondônia, os Karitiana, que inclusive, mencionam conflitos com este povo (Vander Velden, 2011), talvez em sua rota migratória do vale do médio e baixo Purus para a Terra Indígena Roosevelt (CIMI, 2002, p. 14), e pela existência de expressivo número de indígenas em cidades como Porto Velho, capital rondoniense (Pereira, 2010), em que há povos quase inteiros para lá deslocados pelas políticas indigenistas, como os Kassupá (Maciel, 2000;Timóteo da Cunha, 2016;.…”