Aplicação da metodologia Trigger Tool para detecção de reações adversas a medicamentos em pacientes de unidade de terapia intensiva

Abstract

Os medicamentos constituem o recurso terapêutico mais utilizado na saúde, no entanto, os riscos da sua utilização devem ser levados em consideração. A farmacovigilância é a ciência responsável pelo estudo dos problemas relacionados a medicamentos, inclusive as reações adversas a medicamentos (RAM). A metodologia de Trigger Tool investiga as RAM através de rastreadores e tornou-se uma medida complementar ao sistema de notificação voluntária, a fim de determinar de maneira mais autêntica o número de eventos adversos. Este estudo teve como objetivo aplicar a metodologia Trigger Tool para detecção de RAM em pacientes de unidade de terapia intensiva (UTI). Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e transversal realizado num hospital de alta complexidade. Uma lista de rastreadores foi elaborada com base no Institute for Healthcare Improvement e realizada uma análise dos prontuários para investigação das suspeitas de RAM. As RAM foram classificadas quanto à causalidade e à gravidade e os rastreadores tiveram seus rendimentos avaliados. No período do estudo, 100% das RAM foram identificadas através da busca ativa. Através dos medicamentos rastreadores 85 RAM foram encontradas. Quanto à causalidade, as reações foram classificadas como prováveis em sua maioria, seguidas das possíveis, duvidosas e definidas. Em relação à gravidade das reações, as moderadas foram as mais frequentes, seguidas pelas reações graves. A “naloxona”, “vitamina k”, “protamina”, “fexofenadina” e “hidroxizina” foram os rastreadores de maiores rendimentos. A busca ativa de RAM através da metodologia de Trigger Toll aplicada por farmacêuticos demonstrou ser útil no monitoramento dos eventos em pacientes de UTIs.

Trigger Tool na busca ativa de reações adversas a medicamentos em um hospital universitário

“…No estudo realizado por Silva et al (2022), também foi relatado mais ocorrências de reações adversas nos idosos, totalizando 57,65% dos eventos.…”

“…O impacto da senescência sobre a farmacologia do idoso é um fator importante quando se pensa na segurança do paciente associada ao uso de medicamentos, posto que reações adversas em idosos podem agravar quadros de delirium, incontinências, déficits cognitivos e funcionais, além de expor o idoso ao maior risco de quedas e hospitalizações por consequência das mesmas (da Gama Lobo, 2019). Outro fator que pode estar relacionado ao predomínio de RAM em idosos é o fato de que o grupo normalmente é excluído de ensaios clínicos realizados no desenvolvimento de novos medicamentos, podendo levar a respostas inesperadas com o seu uso (Silva et al, 2022).…”

“…Outros trabalhos encontrados na literatura trazem resultados semelhantes, com predominância de reações adversas de hemorragias e hipersensibilidade, incluindo nesta última, características como erupção cutânea e prurido (Silva et al 2022;Costa et al, 2022). Em estudo realizado por Costa e Archondo (2022), reações com manifestações cutâneas totalizaram 37,4% dos casos, enquanto que reações adversas que provocaram qualquer sangramento corresponderam a 29,63% dos eventos identificados.…”

“…Se a prescrição de determinado rastreador for elevada, consequentemente a quantidade de prontuários que deverão ser analisados e revisados também será elevado, podendo resultar na inaplicabilidade dessa metodologia (Silva et al, 2022).…”

“…Segundo Silva et al (2022), a Organização Mundial da Saúde (OMS) traz a definição de RAM "como qualquer resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre com medicamentos em dose usualmente empregadas no homem para profilaxia, diagnóstico, tratamento de doença, ou para modificação de funções fisiológicas (OMS, 2005)". A ocorrência dessas reações reflete na segurança dos pacientes, além de gerar custos financeiros adicionais para as instituições e para o sistema público de saúde, visto que podem levar à hospitalização, ou ainda aumentar o tempo de internação e das demandas hospitalares para os pacientes envolvidos (Moreira, 2021).…”