Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade entre os profissionais de enfermagem devido a infecção pelo COVID-19 no Brasil

Abstract

Introdução: A carga de doença atribuível a infecção pelo COVID-19 entre os profissionais de saúde na linha de frente do combate à doença, até então desconhecida, deve orientar as políticas para o enfrentamento da pandemia, considerando as particularidades de cada categoria profissional e as regionalidades. Objetivos: Estimar a carga da doença atribuível a infecção pelo COVID-19 entre os profissionais de enfermagem, estimar os Anos de Vida Perdidos devido a mortalidade prematura (YLL), estimar os Anos Perdidos por Incapacidade (YLD) e estimar os Anos de Vida Ajustados por Incapacidade (DALY) no período de vinte de março a 5 de maio de 2020. Método: Estudo ecológico. Foram utilizados dados de mortalidade, morbidade e expectativa por faixa-etária dos profissionais de enfermagem registrados no Observatório da Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O peso da doença foi extraído do Estudo de Carga de Doença Global (GBD) de 2017, considerando a infecção respiratória de vias inferiores moderada. A análise considerou a distribuição segundo categoria profissional, sexo e faixa-etária. Resultados: Foram analisados 81 óbitos e 6427 profissionais diagnosticados com COVID-19. A enfermagem Brasileira perdeu 562,51 DALY (IC95% 495,24 – 629,79). Destes, 88,35% foram por morte prematura. A taxa de DALY perdidos por 1000 profissionais padronizada por idade foi de 87,52. O DALY foi maior entre os profissionais de 31 – 40 anos de idade (926,12). Conclusão: Mais de 500 DALY foram perdidos no Brasil devido a infecção pelo COVID-19 entre os profissionais de enfermagem, essencialmente por mortalidade prematura.

COVID-19: o impacto da doença na saúde dos profissionais de enfermagem / COVID-19: the impact of illness on the health of nursing professionals

“…Informação diferente foi superior encontrado em outra pesquisa realizado durante o ano de 2020, no período de 20 de março a 5 de maio, em que os profissionais de enfermagem com idade igual ou superior a 51 anos foram as principais vítimas fatais (39,5% óbitos) (SILVA et al, 2020).…”

“…Em relação a contaminação e mortalidade por sexo, foi identificado que houve predomínio nas profissionais de enfermagem do sexo feminino (BENITO et al, 2020a), o que corrobora com os dados apresentado em um artigo em que as coletas de dados ocorreram até o dia 5 de maio de 2020, no qual foram registrados 10.748 casos incidentes com diagnóstico de COVID-19. Destes, 82,70% correspondiam a números de casos entre profissionais do sexo Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 3753-3773, jan./feb., 2022 feminino (SILVA et al, 2020). E isso ocorre pelo fato de a equipe de enfermagem ser estrutural, histórica e predominantemente feminina.…”

“…Há fontes do Reino Unido que afirmam que há estabelecimentos de saúde nos quais alguns setores possuem mais da metade da equipe doente. No Brasil, embora não exista uma estimativa oficial do número de profissionais da saúde afastados, sobretudo na rede pública, acredita-se que aproximadamente mais de 7 mil profissionais, entre médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros, tenham sido Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 3753-3773, jan./feb., 2022 afastados do trabalho desde o começo da pandemia por apresentarem sintomas suspeitos ou evoluírem para óbito (SILVA et al, 2020).…”