Anorexia nervosa e transmissão psíquica transgeracional: histórias de vida de pacientes, mães e avós

Abstract

dos Santos, por ser um grande mestre, companheiro, um exemplo de dedicação à ciência psicológica; por me ensinar os caminhos da pesquisa, do estudo e da prática profissional, sempre estimulando meu desenvolvimento como pesquisadora. Agradeço de coração as orientações, ensinamentos, confiança, acolhimento e carinho. Espero que nossa parceria acadêmica ainda renda muitos frutos. À Dra. Érika Arantes de Oliveira-Cardoso, que me mostra, em cada contato, que a vida não é tão difícil quanto imaginamos. Cada encontro, um aprendizado.

Relação pai-filha no contexto dos transtornos alimentares: uma perspectiva winnicottiana

“…De acordo com a autora, essa falta de limites é fruto de padrões estéticos disseminados pela mídia que colaboram com a dilatação do "narcisismo de cada um e dificulta o reconhecimento das diferenças sexuais e geracionais" (p. 65). Valdanha (2013) refere que o cuidado materno nessas famílias está tipicamente relacionado aos aspectos concretos, enquanto há pouca elaboração dos afetos e a perpetuação entre as gerações de uma série de segredos familiares. Essas famílias, ao se atentarem àquilo que é concreto, teriam dificuldades em propiciar aos filhos suporte para separaçãoindividuação e para exploração do ambiente exterior (Lane, 2002).…”

“…Pode-se inferir que o contato com um ambiente pouco permissivo à expressão da individualidade parece colaborar para perpetuação de segredos entre pai e filha. Como apontado por Valdanha (2013), nessas famílias, as poucas possibilidades de comunicação colaboram para a formação de um cenário propício para a construção de segredos que rondam as relações estabelecidas entre os membros. Esses segredos permitem a sensação de um aparente equilíbrio, porém colaboram com a manutenção das barreiras de comunicação entre os familiares e a não satisfação das necessidades reais dos membros.…”

“…Em meio a um contexto familiar no qual puderam ser percebidas poucas possibilidades de diálogo e de elaboração dos conteúdos afetivos, os sintomas alimentares das filhas surgem como instrumentos de denúncia da insatisfação que, provavelmente, rondava toda a família das díades estudadas. Os sintomas alimentares das filhas podem ser vistos como representações pouco elaboradas da fome que todos sentiam por maior continência (Lane, 2002;Miranda, 2010;Valdanha, 2013).…”

“…Da mesma forma que, muitas vezes, apresentavam dificuldades em integrar suas próprias necessidades, eles demonstraram não conseguir ter uma perspectiva integrada das necessidades das filhas. Observou-se que, assim como as mães no contexto dos TAs, percebeu-se a preocupação dos pais em oferecer o alimento concreto às suas filhas, porém com dificuldades em reconhecer suas necessidades afetivas(Valdanha, 2013).…”