RESUMONo Brasil é corriqueiro o uso da flora nativa sem respaldo científico de suas propriedades, indicação e dose terapêutica, forma de preparo, outrossim interações medicamentosas. Somado a isso, a notificação dos casos de intoxicação por plantas não é obrigatória, favorecendo a elevação dos casos. Sendo assim, o objetivo deste manuscrito foi discorrer sobre a situação atual do Brasil frente a quadros de intoxicação por plantas comumente utilizadas e suas características, mediante revisão de dados em bases científicas. Foi realizada uma revisão sistemática com dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) e de bases de dados como a Scientific Electronic Library Online, nos idiomas português e inglês. Verificou-se que a ingestão de plantas, incluindo as medicinais em níveis tóxicos, pode causar alterações nos sistemas circulatório, gastrointestinal e nervoso central, podendo ser fatal. Os compostos bioativos mais encontrados em plantas tóxicas são os alcaloides, glicosídeos cardiotônicos e cianogênios, taninos, saponinas, oxalato de cálcio e toxialbuminas. Os dados mais recentes do SINITOX datam de 2016 a 2017, no qual foram identificados 2.028 casos de intoxicações por plantas, 1,17% do total das intoxicações no mesmo período por todas as causas registradas, com 4 óbitos (0,20%), das quais o público infantil de 1 a 9 anos foi o mais afetado com 1.065 casos (52,51%), seguido por adultos 490 casos (24,16%), adolescentes com 121 casos (5,97%) e idosos com 119 casos (5,87%), em sua maioria no meio urbano 1.459 registros (71,94%). As causas mais frequentes são as acidentais, ignorância e o suicídio, predominantemente do sexo masculino, sendo as regiões Sul, sudeste e centro-oeste as mais afetadas, respectivamente. Logo, evidencia-se a necessidade de uma participação mais expressiva dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica para evitar a subnotificação dos índices, visto que a maioria das causas descritas seriam evitadas mediante uma política de educação em saúde sobre os grupos de risco, otimizando ainda os recursos públicos ao reduzir a ocupação de leitos hospitalares, medicamentos, antídotos e demais tecnologias.