Análise fenômeno-estrutural de um caso de depressão utilizando desenhos: acompanhamento psicológico em ateliê de pintura e expressão

Abstract

A análise fenômeno-estrutural possibilita compreender a evolução de uma paciente a partir da produção livre de desenhos e de suas verbalizações. Acompanhamos uma pessoa adulta com depressão ao longo de três anos. Em atividade grupal, a paciente produziu desenhos que mostram preocupações e interesses com os detalhes, ritmo de produção lento, porém de modo cuidado e atento. As cores são presentes e suaves. Há pouca expressão de movimento, denotando predomínio da racionalidade sobre a sensorialidade. O sofrimento e o desamparo diminuíram e ela desenvolveu possibilidades associativas entre os acontecimentos depressivos e sua história de vida, o que não ocorria no início do tratamento. A paciente conquistou uma abertura em direção ao porvir, à alteridade e ao reconhecimento do outro. Dessa forma, a interlocução é central no método fenômeno-estrutural onde as evoluções são compreendidas pelo acesso à subjetividade compartilhada. Os mecanismos de ligação e corte se encontram não apenas nas estruturas epilépticas e esquizofrênicas, mas em qualquer estrutura humana, incluindo as vivências depressivas.

Sobre os desenhos de usuários de uma emergência psiquiátrica

“…Ainda aquelas e outras autoras (Grubits & Oliveira, 2020;Rivera, 2023) aludem que os traços mais toscos e mais ou menos fortes no papel tem um significado de primitivismo onde as emoções mais arcaicas estão sendo projetadas, elementos de personalidade também são expostos (Antúnez et al, 2021;Oliveira & Wechsler, 2016), e no caso dos usuários da emergência psiquiátrica, riscos, rabiscos tortuosos, figuras distorcidas significam a distorção da instância da realidade deles.…”

“…Aqui se expressa uma certa dificuldade de se centrar nos aspectos da realidade exterior, muito bem representado pelo sol. A tentativa Research, Society and Development, v. 13, n. 2, e6913245037, 2024 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v13i2.45037 4 de compreender os sentidos e significados deste pictorismo ficam por conta do próprio desenhista que faz a complementação com suas próprias palavras (Antúnez et al, 2021;Visintin et al, 2023). Neste caso a usuária 'A' (42 anos com diagnóstico de transtorno afetivo bipolar) diz que: "O sol é muito forte, onde quer que se vá, sempre é forte (...) e sempre está conosco, sempre nos segue (...)".…”

“…al., 2020;Montelo & Melo, 2020). O desenho foi incorporado tanto à psicologia como a diversas outras, por exemplo, a arteterapia, demonstrando sua eficácia enquanto parte de uma abordagem humanizadora (Antúnez et al, 2021;Pompeu et. al., 2021).…”