O advento da pandemia de Covid-19 implicou cenários desafiadores a cientistas e líderes políticos, que se viram às voltas com uma emergência que demandou tomada de decisão rápida e repleta de incertezas. Nesse contexto, as ciências comportamentais desempenharam papel tão relevante quanto controverso, posto que algumas decisões alegadamente tomadas com base em tais ciências viriam a ser severamente criticadas pela própria comunidade científica. Esse texto provê considerações sobre o papel das ciências comportamentais no contexto do combate à pandemia, a partir de exame de uma amostra de estudos recentes. Os resultados se dividem em quatro tópicos, que envolvem orientações gerais da comunidade científica para a formulação de intervenções, o papel dos nudges como uma forma de intervenção comportamental, as vantagens e desvantagens de regimes políticos democráticos e autoritários no combate à crise, e, finalmente, alguns equívocos de políticas públicas efetivamente experimentadas que foram motivo de controvérsia.