Análise de potenciais arranjos produtivos locais de cerâmica e desenvolvimento local: uma aplicação do índice de concentração normalizado

Abstract

RESUMOEste artigo aborda os Arranjos Produtivos Locais (APLs) como forma de concentração de empresas e sua relação como o desenvolvimento local. Questiona-se em que medida a formação de APLs contribui para o desenvolvimento local? O aporte teórico apresenta a importância das concentrações de empresas, suas classificações, características particulares e relação com o desenvolvimento local. Tem como objetivo identificar locais com maior potencial para formação de APL de cerâmica, no estado do Pará e sua relevância para o desenvolvimento local. Para identificação dos APLs foi utilizado, o Índice de Concentração Normalizado (ICN), obtido a partir da aplicação da técnica estatística multivariada de componentes principais. O estudo identificou que nove municípios possuem forte potencial para formação de APL cerâmico, representando 74% do ICN do Estado na atividade, o que pode contribuir com o desenvolvimento local. Palavras-chave:Arranjo Produtivo Local. Desenvolvimento Local. Índice de Concentração Normalizado.Análise de potenciais arranjos produtivos locais de cerâmica e desenvolvimento local: uma aplicação do índice de concentração normalizado Recebido em 03/02/2015. Aprovado em 07/05/2015. Avaliado pelo sistema double blind peer review. Publicado conforme normas da ABNT. Análise de potenciais arranjos produtivos locais de cerâmica e desenvolvimento local: uma aplicação do índice de concentração normalizado Keila Regina Mota Negrão; Sérgio Castro Gomes; Eugenia Rosa Cabral; Mário César dos Santos Carvalho Keila Regina Mota Negrão INTRODUÇÃOOs primeiros estudos sobre concentrações de empresas são do início do século XX com as proposições de Marshall (1982), defendendo a ideia de que a proximidade geográfica entre empresas de um mesmo ramo de atividades poderia gerar vantagens para o grupo. Este assunto vem se desenvolvendo nos últimos anos com estudos sobre redes, aglomerados, clusters, arranjos produtivos locais (APLs) e sistemas locais de produção (SLPs). Essas estruturas organizacionais são percebidas como estratégias para o aumento da competitividade das empresas e como fortes influenciadores de desenvolvimento local.Localidades com potencial para determinada atividade podem ser beneficiadas pela formação de APLs, como o caso da Itália, com produtores de queijo mozzarella de búfala (LOCKE, 2001); no estado do Rio Grande do Sul: Polo Moveleiro na Serra Gaúcha, o setor Coureiro-calçadista no Vale dos Sinos e os Citricultores Ecológicos no Vale do Caí; em São Paulo: o Polo Moveleiro de Votuporanga; no Piauí: Apicultura em Simplício Mendes; entre outros (MARTINS;VAZ;CALDAS, 2010).Estudos anteriores apontam que aglomerações produtivas no setor da construção civil (PINHEIRO; SOBREIRA; RAPINI, 2008) e do couro (DALLEMOLE; SANTANA, 2008) possuem considerável influência par a economia paraense. Diante desse cenário, torna-se oportuno aprofundar estudos nessa linha ou identificar outros setores relevantes para o desenvolvimento do Estado.Rico em jazidas minerais, o Pará possui lugar de destaque na extração de minerais met...

Revisão Sistemática das Características Empregadas para Qualificar um Arranjo Produtivo Local (APL)

“…Esta qualificação em arranjos embrionários, em desenvolvimento ou desenvolvidos possuem semelhanças com os arranjos informais, organizados e inovadores de Mendonça et al (2012). Negrão et al (2015), assim como Garone et al (2014), também se preocuparam em determinar, além das características para qualificação do APL, os fundamentos quantitativos para que o aglomerado seja, de fato, um APL. Além do aspecto cooperativista, a formação de uma cadeia de fornecedores e produtores, e comercializadores que enviem o resultado produtivo deste arranjo para outras regiões, que segundo Negrão et al (2015) diferem um APL de um simples aglomerado, também houve a apresentação de um cálculo para quantificar esta possibilidade de nomenclatura a estes aglomerados cooperativos e sistematizados.…”

“…Negrão et al (2015), assim como Garone et al (2014), também se preocuparam em determinar, além das características para qualificação do APL, os fundamentos quantitativos para que o aglomerado seja, de fato, um APL. Além do aspecto cooperativista, a formação de uma cadeia de fornecedores e produtores, e comercializadores que enviem o resultado produtivo deste arranjo para outras regiões, que segundo Negrão et al (2015) diferem um APL de um simples aglomerado, também houve a apresentação de um cálculo para quantificar esta possibilidade de nomenclatura a estes aglomerados cooperativos e sistematizados. Eles utilizaram do cálculo do índice de concentração normalizado (ICN), que basicamente é a ponderação entre: o quociente locacional (QL), com base nos empregos gerados, para determinação do nível de especialização da região; o índice Hirschman-Herfindahl (IHH) que determinará a importância empregatícia da atividade na região; e o índice de participação relativa (PR) que fornecerá o nível de importância da atividade para o município como um todo.…”

“…Por meio da divisão dos gêneros, foram analisadas as características (i) da quantidade de trabalhadores, e seus respectivos gêneros, (ii) a idade, (iii) o setor econômico em que está vinculado (primário, secundário ou terciário), (iv) o tempo de profissão, e (v) maneira a qual houve a aprendizagem no ramo. Partindo do já observado nos trabalhos de Mendonça et al (2012) e Negrão et al (2015), em arranjos de setores primários (como o da extração da argila do artigo em questão) espera-se uma caracterização como APL informal/embrionário, o que posteriormente foi confirmado pelos resultados de capacitação dos trabalhadores. Sendo assim as características levantadas por Silva 2017) a melhor maneira de caracterizar um APL é fazendo uma relação entre cinco características, determinadas de modo quantitativo, sendo quatro delas enraizados nas teorias (quociente locacional, coeficiente de Gini locacional, índice Hirschman-Herfindahl, e o índice de participação relativa) e um outro índice denominado índice de interação e aprendizado (IIA).…”

“…O IIA considera fatores do APL como as interações verticais; interações horizontais; interações com o governo e instituições de crédito; interações com instituições de ensino; e interações de aprendizagem e inovação. Moreira et al (2017) utilizam três destes índices para categorizar os arranjos no molde citado por Negrão et al (2015), ou seja, incipientes (embrionários), em desenvolvimento ou desenvolvidos. Como os índices QL e GL já foram descritos nos artigos anteriores, vale a pena discutir o uso do IIA na categorização dos arranjos.…”

“…, VITÓRIA (ES), VITÓRIA (ES), V. 11, N. 3, P. 92-105, SET/DEZ, 2022.teorias (2004), uma vez que, por mais que apresente uma necessidade de dois (QL) serem superiores a 1,00, extingue-se a necessidade do número mínimo de firmas ou o mínimo de 1% dos empregos no setor. Posteriormente a isso, o cálculo do SEBRAE (2002) resultou em mais setores APLs em comparação aode Brito e Albuquerque (2002), o que corrobora com o fato de que a concentração da geração de empregos diretamente ligados ao setor estudado é fator limitante para a definição de um APL Negrão et al (2015). utilizaram a metodologia de caracterização de um APL desenvolvida por…”