ANÁLISE DE CHANGE-POINT NO DESENVOLVIMENTO DE SEGUNDA LÍNGUA: um estudo da produção de Voice Onset Time por aprendizes brasileiros de Inglês

Abstract

Este estudo baseia-se nas premissas da Teoria dos Sistemas Dinâmicos Complexos (TSDC) e apresenta uma análise de processo (LOWIE; VERSPOOR, 2015; 2019) do desenvolvimento do padrão de Voice Onset Time (VOT) positivo do Inglês-L2, considerando-se a trajetória individual de cinco falantes nativos do português brasileiro durante o período de 12 semanas, com coletas semanais. Entre as semanas 4 e 9, uma intervenção pedagógica foi realizada por meio de seis aulas de instrução explícita sobre aspectos fonético-fonológicos da língua inglesa. Análises de change-point (TAYLOR, 2000) indicaram mudanças de fase no desenvolvimento com aumento da duração de VOT, fornecendo material teórico e empírico que contribui para a visão da língua como um SDC.

A Teoria de Sistemas Dinâmicos Complexos e o desenvolvimento sonoro de línguas não nativas: implicações para a pesquisa e o ensino

“…A partir desse trabalho inicial, desenvolvido em Londres, muitos estudos, em contexto nacional, têm demonstrado que tal processo de atrito ocorre, inclusive, em contexto de LN dominante, como, por exemplo, entre aprendizes brasileiros de inglês (Schereschewsky, 2018;Kupske, , 2019Kupske, 2021) ou espanhol (De Los Santos, 2017 residentes em nosso país. Além disso, uma série de estudos com aprendizes multilíngues, desenvolvidos tanto em contextos de LN (Schereschewsky, 2021) ou de LNN dominante (Pereyron, 2017;Santana, 2021;Kupske;Lima Jr., 2022;Vieira, 2023), demonstram que todas as línguas desse sistema de natureza complexa se influenciam mutuamente, de modo que cada uma das línguas em questão constitui um sistema híbrido que traz características das demais línguas desse sistema multilíngue.…”

“…Em uma série de trabalhos (Kupske;Alves, 2021;Alves, 2023) voltados a uma pedagogia ancorada na concepção dinâmico-complexa de língua, pesquisadores brasileiros têm defendido uma prática de ensino de pronúncia não somente conjugada aos demais aspectos da língua, mas também (e sobretudo) vinculada a objetivos e tarefas comunicacionais amplas. A partir dessas tarefas, o componente fonético-fonológico (em associação com os outros componentes da língua) passa a estar a serviço da referida tarefa comunicativa de caráter maior, a qual somente será bem-sucedida no momento em que os aspectos formais da língua, em conjunção com aspectos discursivos e de indexicalidade social (Kupske;, sejam proficientemente empregados.…”