Amor em tempos de aplicativo: entrevista com a antropóloga Larissa Pelúcio

Abstract

Entrevista com Larissa Pelúcio

Perpetual motion: Displacement of travestis from an ethnographic perspective

“…I highlight the importance of the works of Kulick (2008), Silva (1993), Teixeira (2008), Vartabedian (2012 and Pelúcio (2009). However, the contrast made here by varying ethnographic contexts offers a contribution that brings displacement to the center of the debate.…”

“…Larissa Pelúcio (2009) states that this migratory flow of travestis is accentuated in the 1980s and 1990s, establishing Italy as a main destination. She highlights what Margareth Rago (1989) had made evident: the link between immigration and sex work.…”

“…However, these works still focused on and carried out their research in large cities. Only after 2005 has research about travestis started to include medium-sized cities and the northeast of Brazil (Vale, 2005;Maia, 2006;Nascimento, 2014b;Patrício, 2008;Pelúcio, 2009Cardozo, 2009, Guerra, 2015.…”

“Gays shuold not exist”

“…De maneira significativa, nos anos 1980, os discursos médicos, midiáticos e populares elegeram a Aids como protagonista, sempre associada em primeiro lugar, à figura de homossexuais, seguida das prostitutas. Para Pelúcio (2009), os discursos reconhecidos como científicos, advindos nesse contexto, dos parcos saberes médicos, terminaram por produzir na sociedade, de modo geral, a representação de um vírus homossexualizado, por meio da ideia de uma "peste gay" ou "câncer gay". Foi, em 1984, que o primeiro caso de infecção por Aids foi oficialmente diagnosticado no Brasil, fortemente associado a uma doença que acometia potencialmente pessoas consideradas "degeneradas" do ponto de vista moral e sexual, pela adoção de práticas ditas antinaturais, termos recorrentemente usuais na época.…”

“…Nesse sentido, não foi sem motivos, por exemplo, que o Jornal Folha de São Paulo, como mostra o documentário noticiava nos anos 80, que a "polícia Civil 'combate' a Aids prendendo travestis". Indubitavelmente, todo esse clima, gerou um pânico moral em todo território nacional, quer seja pelas medidas "profiláticas" adotadas por médicos brasileiros, imitando experiências de outros países, quer seja pela intensa homossexualização do vírus, estimulando intensamente a produção de uma representação pejorativa e aversiva em relação às homossexualidades (PELÚCIO, 2009). A Aids se tornou assim como representado em "Temporada de Caça" (1988) em uma das justificativas de extermínio da população LGBT, principalmente de travestis, dada à situação de prostituição, que a maioria se encontrava, e ainda se encontra atualmente.…”