Em artigo desta edição, Natália Fazzioni e Kátia Lerner 1 relacionam amamentação, maternidade e internet no Brasil tendo como campo de pesquisa a plataforma digital Baby Center, especificamente as discussões sobre amamentação na seção Comunidade na qual as usuárias postam e respondem a questões. O texto problematiza as formas pelas quais a experiência da amamentação é atravessada por informações disponíveis on-line e também pelas interações digitais entre as mães.Dentre as contribuições do artigo de Fazzioni e Lerner 1 , destaco, a meu ver, três principais: trabalhar com uma perspectiva comunicacional e antropológica sobre amamentação, diferindo da maioria dos estudos que partem, sobretudo, do olhar médico e da Saúde Pública; realizar o gesto metodológico de ouvir mulheres que vivenciaram dilemas relacionados à amamentação e utilizaram a internet como fonte de informações e de interação com outras mães; desvelar tensionamentos e relações de poder que cercam a amamentação e, por consequência, a maternidade na contemporaneidade. Vou centrar o debate nos dois últimos tópicos, buscando refletir sobre as proposições do texto e agregar olhares complementares. Ressalto que interajo com o artigo por meio do lugar que ocupo como pesquisadora feminista, mãe e mulher da região amazônica.