IntroduçãoAs contrações uterinas do trabalho de parto habitualmente comprimem os vasos maternos e alteram o fluxo sangüíneo através do espaço interviloso, reduzindo momentaneamente os intercâmbios metabólicos entre o feto e a mãe. Entretanto, a elevação patológica do tônus (hipertonia), intensidade (hipersistolia), freqüência (taquissistolia ou polissistolia) e duração das contrações uterinas, que podem ocorrem durante a fase ativa do trabalho de parto, determinam alterações do ritmo cardiofetal (principalmente desaceleração prolongada, variável e tardia) e sofrimento do concepto. Isto ocorre com maior freqüência em produtos que já apresentam menor reserva funcional durante a gestação, mas também pode acontecer em fetos hígidos.O exagero da cinética uterina é mais encontrado nos casos de uso intempestivo de ocitócicos, emprego inadequado de tocoanalgesia e anestesia e, também, de etiologia idiopática. A compressão de vasos umbilicais, especialmente em casos de oligoâmnio, também pode reduzir o fluxo de sangue, tanto no sentido para o feto, quanto para as vilosidades coriônicas, determinando hipoxemia (redução de oxigênio no sangue), hipercapnia (elevação do gás carbônico no sangue), acidose (redução do pH dos tecidos) e outros distúrbios homeostáticos do produto conceptual.A terapêutica normalmente realizada após o diagnóstico cardiotocográfico de sofrimento fetal (desaceleração prolongada e persistente da freqüência cardíaca) inclui posicionar a paciente em decúbito lateral esquerdo, ministrar oxigênio à mãe e ultimar o parto pela via mais rápida e segura, comumente por fórcipe ou vácuo-extração ou, então, operação cesariana 1 . Os resultados obtidos com tais métodos, contudo, deixam a desejar. Os recém-nascidos freqüentemente apresentam-se deprimidos, exigindo cuidados intensivos neonatais. Desta forma, diversos autores têm sugerido métodos alternativos e mais eficientes para tratar o concepto in utero, entre os quais destaca-se o emprego de fármacos tocolíticos, com o objetivo de inibir as contrações uterinas excessivas, visando aumentar o fluxo sangüíneo na placenta e a oxigenação fetal, realizando-se o parto somente após a estabilização hemodinâmica e metabólica do concepto.Relatos de Casos 20 (3): 161-163, 1998 RBGO