A relação entre artes performativas e intimidade exprime-se em múltiplas e contraditórias valências, criando possibilidades heurísticas com profundas implicações sociopolíticas. A abertura da esfera íntima individual a outras esferas íntimas, configura um ato de partilha interpessoal que permite o privilégio da experiência de um outro ser humano naquilo que possui de mais profundo e singular. Mas, uma análise justa levará a reconhecer que, em determinadas circunstâncias, este espaço de intimidade também pode (e talvez deva) legitimamente manter-se vedado aos demais. É neste enquadramento que, por intermédio dos seus criadores, o teatro e as artes performativas têm vindo a desenvolver interessantes formas de lidar com problemáticas da esfera íntima no mundo contemporâneo. Sendo que o trabalho performativo conduz invariavelmente à investigação dos processos corporais, emocionais, mentais e relacionais da condição humana, esta edição pretende, através de uma abordagem interdisciplinar e intercultural, contribuir para o mapeamento do conceito de intimidade na sua relação com as artes performativas de forma plural, política e afetiva.