A planta Cannabis sativa sp. é conhecida pelos seus potenciais terapêuticos há pelo menos 5.000 anos, como relata a primeira farmacopeia da humanidade, a Pen-ts’ao ching. Porém, em meados da década de 1960, a expansão neocolonial dos Estados Unidos da América (EUA) se utilizou da sua proibição para poder segregar povos originários (indígenas e quilombolas) que a tinham como parte da sua medicina e cultura. Em paralelo à proibição, a medicina baseada em evidência se encarregou de trazer à tona resultados que corroboravam com a eficácia do uso da planta em diversos tipos de patologias. Muitas destas, cujos tratamentos convencionais mostravam-se escassos, além de bastante associados a efeitos colaterais e resistência terapêutica. Isso fez com que a Cannabis fosse cada vez mais estudada e utilizada, inclusive em pacientes odontológicos, na tentativa de tratar a sintomatologia da dor orofacial. Tal patologia está diretamente ligada à odontologia, englobando condições dolorosas em região extra e intraoral. Diante disso, o objetivo deste trabalho é pesquisar artigos científicos obtidos nos bancos de dados eletrônicos, sem limite temporal, que tratavam da utilização de formulações contendo extrato de Cannabis na odontologia. Traz-se então evidências que justifiquem a possibilidade do seu uso por profissionais dentistas, como um possível caminho para tratamentos das dores orofaciais não responsivas aos tratamentos convencionais já existentes.