Propõe-se analisar os trajetos de violência contra a mulher na literatura brasileira sob a perspectiva dos direitos humanos da mulher. Busca-se uma articulação entre a literatura, a filosofia e o direito. Numa abordagem interdisciplinar, o artigo examina a constituição de um sujeito do direito, através do conceito de capacidade, elaborado por Paul Ricoeur, aplicável à condição ainda precária da mulher. Examinam-se alguns textos literários significativos sobre a violência praticada contra a mulher, começando por uma reflexão sobre o pensamento de Lima Barreto, cujo grito de inconformismo contra os crimes passionais cometidos pelos maridos e parentes é ecoado em várias crônicas no início do século vinte. Percorre-se igualmente uma literatura de autoria feminina, surgida especialmente a partir dos anos 70, refletindo, de forma pungente, a persistente brutalidade em face da mulher. Cuida-se da promoção dos direitos humanos no tocante à violência contra a mulher, e a luta da mulher por reconhecimento, debate ainda necessário apesar dos progressos sociais e jurídicos alcançados.