A terapia ocupacional na promoção da saúde mental de adolescentes de uma escola pública

Abstract

Objetivo: relatar uma experiência de ações de promoção à saúde mental de adolescentes no contexto escolar com a atuação da terapia ocupacional. Método: atividade realizada numa escola pública com alunos do ensino médio, no interior paulista em 2019, em cinco etapas (Dinâmica inicial; Fatores de risco e de proteção; Sofrimento psíquico e estratégias de enfrentamento; Dinâmica final; e Acolhimento). Os dados obtidos foram registrados em diários de campo e a análise das falas. Resultados: participaram 79 adolescentes, com idades entre 15 a 18 anos, de três turmas diferentes, em três encontros. Os estudantes se envolveram de forma interativa, identificando fatores que podem ser prejudiciais ou favoráveis à sua saúde mental, e elencaram estratégias de enfrentamento diante das situações adversas em seus cotidianos. Conclusão: a terapia ocupacional, à luz da atenção psicossocial, pôde auxiliar na promoção de saúde mental de adolescentes, através de estratégias dialógicas e intersetoriais.

Possibilidades de atuação da Terapia Ocupacional no campo da saúde mental infantojuvenil: bullying e sofrimento psíquico na adolescência

“…Importa refletir neste contexto sobre o potencial interventivo da Terapia Ocupacional junto a esta população no âmbito da escola, posto que esta profissão traz em seu cerne a importância de viabilizar aos sujeitos acompanhados o desenvolvimento de habilidades, capacidades e condições de vida que lhes possibilitem agir no mundo por meio de fazeres diversos, seja no âmbito das relações interpessoais -exercendo papéis e funções, seja no âmbito do acessotransitando por espaços sociais nos quais se desempenhem funções ou no do pertencimento e consequente participação social. Isso significa que auxiliar jovens escolares a se reconhecerem como sujeitos de direitos, com qualidades, potências e mesmo a reconhecerem e lidarem com os fenômenos que lhes geram sofrimento -seja em função de características individuais, fragilidades no âmbito familiar/social ou mesmo como resultado de experiência de bullying, tal como foi proposto nas diferentes Etapas deste relato -traduz função e meta importantes da Terapia Ocupacional, posto que, em última instância, a vida ativa, coletiva e significada por meio do fazer dos sujeitos revelam-se pilares de sustentação da profissão ( Souza et al, 2022).…”

“…Isso inclusive ficou evidente na Etapa 2 e 3 do presente relato, posto que a vivência pelos jovens de uma dinâmica levada pelo grupo de extensão universitária não só produziu movimento no grupo em direção a questionamentos e análises mais individuais, como também mobilizou alguns jovens a buscarem ajuda, suporte para si próprios ou para os colegas. Nesse sentido, para a Terapia Ocupacional, intervenções que possibilitem reflexões que conduzam os sujeitos ao engajamento em atividades importantes para a própria vida -sejam estas relativas à assunção de papéis sociais, à concretização de desejos e/ou projeto de vida -exemplificam a concretização de objetivos desta profissão (Shimoguiri, Costa-Rosa, 2017;Souza et al, 2022). No âmbito da Terapia Ocupacional, o presente relato de experiência buscou evidenciar as contribuições oriundas deste núcleo profissional, a partir do cotidiano vivenciado pelos mesmo, já que intervir na dinâmica escolar (e na dinâmica dos distintos poderes "ocultos" em jogo) enquanto uma "identidade social" destinada aos adolescentes -neste caso -e que congrega diversos atores sociais (adolescentes, professores, coordenadores, familiares e comunidade) é também uma forma de auxiliar os estudantes no desenvolvimento de papéis sociais, no engajamento em atividades significativas, bem como no exercício de cidadania.…”

“…No âmbito da Terapia Ocupacional, o presente relato de experiência buscou evidenciar as contribuições oriundas deste núcleo profissional, a partir do cotidiano vivenciado pelos mesmo, já que intervir na dinâmica escolar (e na dinâmica dos distintos poderes "ocultos" em jogo) enquanto uma "identidade social" destinada aos adolescentes -neste caso -e que congrega diversos atores sociais (adolescentes, professores, coordenadores, familiares e comunidade) é também uma forma de auxiliar os estudantes no desenvolvimento de papéis sociais, no engajamento em atividades significativas, bem como no exercício de cidadania. Em última instância esse auxílio reflete o compromisso da profissão com a promoção da saúde mental, bem como seu compromisso com os pressupostos da Atenção Psicossocial (; Souza et al, 2022).…”

“…No campo da saúde infantojuvenil, o contexto escolar tem sido apontado como potencial para ações de promoção à saúde mental de adolescentes (;), pois, nas últimas décadas, o lugar da escola na sociedade vem se tornando mais complexo, principalmente quando o favorecimento da educação integral, comprometida com a cidadania é considerado (Souza, Mazak, Speranza, Fernandes & Cid, 2022). Aponta-se que o contexto escolar, em sua dinâmica de funcionamento, é fundamental para promover o desenvolvimento pleno das crianças e adolescentes, a partir dos processos de participação social, e, dessa forma, promove saúde mental, quando permite e cria espaços para reflexões cotidianas sobre as relações estabelecidas entre os vários atores envolvidos (crianças, adolescentes, famílias, educadores, coordenadores) e as diferenças que se evidenciam entre eles, se configurando em um espaço potencialmente inclusivo (; Souza et al, 2022).…”

“A gente precisa acreditar no ser mais deles’’: Reflexões sobre ações da Terapia Ocupacional na promoção de saúde mental com adolescentes sob a luz de Paulo Freire

“…Segundo Souza et al (2022), a Terapia Ocupacional busca formular práticas de promoção de saúde mental que viabilizem ações que incentivam a autonomia e respeito às subjetividades dos adolescentes, com vistas a possibilitar a construção de reflexões sobre o cuidado em saúde mental nas diversas dimensões, sejam estas individuais, contextuais, sociais e/ou ocupacionais.…”