A descoberta da anatomia patológica reorientou o olhar médico para as estruturas internasdo corpo, em busca de lesões causadoras de doenças, resultando na primazia das lesõesorgânicas e de sua localização anatômica, em detrimento da subjetividade do doente. Anosologia baseada exclusivamente em uma etiologia orgânica negligenciou a dimensãosubjetiva da experiência do adoecimento. O diagnóstico passou a depender de substratosanatômicos e fisiopatológicos, desconsiderando, em grande medida, a experiência vivenciadapelo sujeito. Nesse contexto, o estudo das doenças dermatológicas, na medida em que elasapontam simultaneamente para uma base orgânica e para uma dimensão psíquica e cultural,adquire uma enorme importância. Ideais de beleza midiáticos amplificaram a ênfase naaparência, marginalizando indivíduos que não se encaixam nesse padrão, como é o caso depessoas que enfrentam doenças dermatológicas. Este trabalho procurou refletir sobrealgumas das articulações possíveis entre os campos da psicossomática e da psicanálise. Oobjetivo da pesquisa foi investigar os impactos dos ideais de beleza difundidos em redessociais nos processos de subjetivação e de sofrimento psíquico de pacientes portadores dedoenças dermatológicas. Tratou-se, nesse sentido, de analisar o papel das mídias sociais nadifusão de padrões de beleza na contemporaneidade e de tentar compreender a função dapele nos processos de constituição subjetiva e de sofrimento psíquico. De natureza qualitativa,a pesquisa se orientou pelos princípios metodológicos da Análise de Discurso, em articulaçãocom os aportes teórico-clínicos da psicanálise. Foram realizadas quatro (04) entrevistas comportadores de doenças dermatológicas. Ao termo da investigação, foi possível compreendera importância de se levar em conta os determinantes subjetivos, sociais e culturais dossintomas dermatológicos, analisados neste trabalho como formas de manifestaçãopsicossomática.