Resumo: O artigo trata da relação entre individualidade e valor, na filosofia transcendental, a partir de uma análise da interpretação da filosofia de J. G. Fichte dada por Emil Lask, no livro publicado em 1903, Fichtes Idealismus und die Geschichte. O artigo visa a mostrar como a radicalização do transcendentalismo o orienta a um realismo não empírico, o qual impede ao transcendentalismo de realizar-se exclusivamente na forma da investigação autorreflexiva das estruturas da consciência e o traduz em uma valorização da práxis. Depois de uma descrição geral das perspectivas abertas pela filosofia laskiana e das razões para valorizar o Fichte-Buch de Lask (§ 2), serão esclarecidos os conteúdos e o contexto de amadurecimento da tese laskiana em relação a três interlocutores específicos: Windelband, Rickert e Liebmann (§§ 3-4). Por fim, serão avaliadas a solidez e a fecundidade de duas questões decisivas para o desenvolvimento do pensamento fichtiano: a relação entre filosofia e vida (§ 5) e aquela entre individualidade e sacrifício (§ 6).