Este trabalho analisa uma narrativa de vida enunciada por uma professora pedagoga. A base teórica advém dos estudos do letramento, endossados nas práticas sociais de escrita (STREET, 2014) e nos pressupostos interacionais de leitura (SILVA, 1999; KOCH; ELIAS, 2012; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2006). A metodologia se ancora na etnossociologia clínica proposta por Andrade (2019), que, por sua vez, adota os pressupostos de Vasconcelos (2005) ao defender a narrativa de vida como dispositivo metodológico que permite a horizontalidade entre pesquisador e participante, conferindo a este maior protagonismo em sua enunciação. A análise da narrativa aponta a interpretação de que a participante experienciou a leitura como prática social, pois as várias instituições em que se engajou exigiram dela demandas leitoras. Por isso, em sua atuação docente, ela procura construir com os estudantes habilidades concernentes à prática social da leitura, a fim de que também eles possam se engajar responsivamente em instituições sociais. Desse modo, percebe-se que a narrativa de vida, como mecanismo de autoformação, propicia uma projeção de si do narrador que demonstra a vinculação de sua experiência com sua atuação praxiológica.