à propos d'enfants qui ne peuvent pas rencontrer leur interlocuteur

Fonoaudiologia no contexto da equoterapia

“…Nessa última condição observa-se um estranhamento, parecendo, por vezes, que ela não reconhece o animal, pois o teme e o evita. Provavelmente, nestes momentos, entra em jogo o sistema perceptual da criança como um todo e que por se apresentar, aparentemente alterado, fragmenta as impressões visuais do cavalo (a face do cavalo quando o vê de frente, a barriga quando o olha de lado), não conseguindo fechar no todo do cavalo as partes que o compõem (WALLON, 1995(WALLON, , 2008MERLEAU-PONTY, 1999;DESJARDINS, 2008).…”

“…O desenvolvimento desses temas culminou na emergência que a atuação fonoaudiológica em Equoterapia faz ao fonoaudiólogo, trata-se da mudança de paradigma quanto à legitimidade do corpo que tradicionalmente pertence à Fonoaudiologia de prática clínica. Desenvolver um ensaio sobre a construção de um corpo global e individual implicou sua valorização em seus aspectos sensorial (WALLON, 1995;LURIA, 1991;MERLEAU-PONTY, 1999;DESJARDINS, 2008), discursivo (BENVENISTE, 1966FOUCAULT, 2004FOUCAULT, , 2006FRANCHI, 1977FRANCHI, , 1987COUDRY, 1986COUDRY, /1988, social e neurofuncional (VYGOTSKY, 1979(VYGOTSKY, , 1994LURIA 1979LURIA , 1981.…”

“…Associa-se a essa visão de linguagem um modelo dinâmico de funcionamento cerebral elaborado por Luria (1981) na área da Neuropsicologia, baseando-se nos postulados de Vygotsky (1926Vygotsky ( /1979Vygotsky ( , 1934Vygotsky ( /1994 que recobrem o desenvolvimento linguístico, cognitivo e social da criança. Outros autores como Wallon (1934Wallon ( /1995Wallon ( , 1947Wallon ( /2008, Merleau-Ponty (1999) e Desjardins (2008) Merleau-Ponty no tocante à particularidade do ritmo intrínseca às diferentes percepções, para dar conta disso, a autora propõe o conceito de percepção em comodalidade. Esta teoria, por 9 Esclareço que a noção de etapa considerada por Wallon não remete à ideia de período marcado ou de descontinuidade, mas como estratégia didática que o autor, assim como Vygotsky, lança mão para facilitar a compreensão do desenvolvimento infantil.…”

“…), o corpo se individualiza através dos efeitos constantes das práticas discursivas e das práticas socioculturais, tornando-se um suporte para o sujeito exercer sua função-sujeito.Finalizando, retomo tambémDesjardins (2008), para quem a linguagem verbal dos pais contém a especificidade da língua e da relação com a criança em meio à significação simbólica no contexto social. Esse conjunto de teorias me fez repensar questões de aquisição da língua e da constituição subjetiva do sujeito a partir dessa aquisição.…”

“…Além disso, essa experiência convoca no praticante a saliência de um dos sentidos, ainda que observando de fora, não se saiba exatamente de qual sentido se trata. Pode-se dizer que isso é inevitável, do ponto de vista do praticante, à medida que o funcionamento do sistema sensorial tem como característica própria fazer com que a ativação de um sentido engatilhe a relação com os outros, em diferentes graus de participação, tal qual o conceito de Circularidade e Recursividade formulado por Merleau-Ponty (1999).57 Técnicas terapêuticas que se utilizam de movimentos passivos ou ativos do corpo para reabilitação motora.Deste modo, o movimento paraDesjardins (2008) é essência da percepção, pois é percebido por comodalidade ritmada, isto é, cada modalidade sensorial tem um ritmo próprio com pulsações variáveis que só se organiza se, e somente se, reconhecer uma organização rítmica compatível com as das demais modalidades sensoriais. Compatibilidade que, sem dúvida, não é dada de início, mas que é fruto de uma harmonização progressiva das interações entre a mãe e o bebê.A autora traz como exemplo o momento da amamentação em que o bebê se vale de três polos perceptivos: o tato, o olfato e a gustação.…”