O objetivo deste artigo é apresentar uma contribuição para o debate relativo aos impactos das agriculturas sobre o meio ambiente levando-se em consideração as recentes medidas de liberação do uso de agrotóxicos pelo governo brasileiro – alguns com severas restrições ou banidos na União Europeia – e a publicação do relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), no segundo semestre de 2019. Considerando-se as diversas formas produtivas e os diferentes graus de especialização técnica e qualificação dos agricultores, tem-se grande amplitude de consequências e alternativas, estabelecendo-se variadas agendas de pesquisa que podem determinar a (re)conciliação entre a produção agrícola e o meio ambiente. Não se vislumbra uma mudança profunda nas formas de cultivo no campo nas próximas décadas. O modelo tradicional (especialização agrícola, uso intensivo de máquinas e agroquímicos) deve ainda perdurar, sobretudo pelas perspectivas de aumento da população mundial e, consequentemente, da demanda por alimentos. Nesse cenário, no entanto, existe espaço para alternativas ou formas mais racionais de produção, como a agricultura de precisão. Porém, as ocorrências no Brasil e o relatório do IPCC sugerem a constante renovação e urgência do debate. A heterogeneidade das atividades, dos agentes e dos interesses envolvidos garante a permanência da questão. Palavras-chave: Agriculturas. Meio ambiente. IPCC. Agroquímicos. Agriculturas alternativas.