A pesquisa educacional com indígenas Ikolen (Gavião) de Rondônia: desafios do proceder e interpretar

Abstract

A proposta deste ensaio é mostrar parte de experiências de pesquisas com o povo indígena Ikolen (Gavião) da Amazônia que desafiam as metodologias clássicas de pesquisas educacionais. Para que isso seja possível, além de reflexões teóricas a respeito da etnografia e suas possíveis ressignificações nas pesquisas educacionais, intenciona problematizar o papel do colaborador nas reformulações de pesquisas desenvolvidas com povos indígenas e no deslocamento das atribuições do pesquisador em educação, problematizando, portanto, não apenas a etnografia e sua contribuição para a educação, mas também o sentido da palavra informante. Fundados em experiências teóricas de inspiração pós-crítica, em especial no campo dos Estudos Culturais e das teorias Pós-coloniais, os resultados mostram que o sentido da pesquisa educacional com povos indígenas pode ser profundamente alterado nos contextos e experiências empíricas do campo. Podemos dizer que não faz sentido o apagamento das subjetividades nas relações metodológicas no campo da pesquisa indígena de modo que o outro indígena não são apenas sujeitos pesquisados, mas pesquisadores que imbricados com as temáticas de pesquisa impõem a necessidade de repensar o sentido de autoria na pesquisa intercultural. As experiências de pesquisa mostram que os indígenas redefinem o sentido de escola e educação, problematizando a colonialidade ao tempo que mostram outros mundos possíveis.