“…Parece incomum se referir ao teatro a fim de compreender serviços de atenção à saúde ou enquanto mobilização social para sua idealização e construção burocrática, física e financeira. Contudo, se nos permitirmos olhar para a política como uma ação coletiva que não se restringe à oficialidade estatal, podemos aprender, como indicam diversos cientistas sociais, que a arte não apenas é socialmente delineada (Becker, 1977;Velho, 2006) e culturalmente organizada (Geertz, 2001), com condições de possibilidades para o destaque de seus artistas (Elias, 1995), ela também é politicamente significante em sua técnica e circulação (Benjamin, 1994) e simbolicamente constituída ao lado de eventos sociais outros como performance que continua e modifica o cotidiano (Taylor, 2013) e capaz de intervir e modificar a realidade (Raposo, 2021); de modo que não é de se estranhar que se torne uma pedra angular de movimentos sociais (Grunvald, 2019) e ferramenta de visibilização de corporalidades dissidentes (Melo;Ribeiro, 2015). No caso particular do teatro, mas aplicável de algum modo a outras artes, fica explícita sua dinamização como um mecanismo de expressão, construção comunitária e resistência contra cenários de preconceito (Marra;Schanke, 2002;Newton, 1979;Savran, 2003), portanto, de homofobia e transfobia.…”