A originalidade da obra de Georg Groddeck e algumas de suas contribuições para o campo da saúde

Abstract

Este artigo tem o objetivo de apresentar algumas ideias sobre medicina, doença, saúde e cura extraídas da obra do médico e psicanalista Georg Groddeck (18661934). A hipótese que norteia o trabalho é de que tais proposições podem contribuir ativamente para a discussão contemporânea sobre os limites da biomedicina e a necessidade de reformulação do modelo de cuidado em saúde ocidental. Primeiramente, são analisadas as origens históricas e filosóficas da biomedicina e alguns dos impasses enfrentados por usuários e profissionais de saúde em função do predomínio da racionalidade biomédica. Em seguida, são tecidas algumas considerações sobre a vida e a obra de Groddeck, culminando na apresentação de quatro importantes contribuições do autor avaliadas à luz dos limites biomédicos.

Itinerários terapêuticos de pessoas com fibromialgia até um centro de tratamento da dor: Um estudo qualitativo

“…No sistema profissional, as pacientes revelaram a "falta de compreensão" por parte dos médicos, o que constituiu a segunda subcategoria desta temática, e que foram perceptíveis nas narrativas de várias usuárias, que perceberam nas atitudes dos médicos uma desvalorização e banalização do seu sofrimento, tanto pelos médicos peritos da previdência social, quanto aos demais médicos que as acompanharam. A posição dos profissionais de saúde relatada pelas entrevistadas nesta subcategoria pareceu relacionada ao autoritarismo e a certa beligerância que, por outro lado, são aspectos aparentemente integrados ao modelo biomédico, em que as doenças não são consideradas como processos ou experiências, mas sim como entidades patológicas, com supressão da subjetividade, em um processo denominado "reducionismo organicista" 31 , pois as doenças não são vistas como construções criadas por pessoas 32 . Como em outro estudo qualitativo que explorou as narrativas de 18 pacientes (5 homens e 13 mulheres) que viviam com sintomas sem explicação médica e que não tinham um "rótulo diagnóstico", atendidos em um ambulatório de neurologia no Reino Unido, as principais características identificadas foram a preocupação em assegurar de alguma forma a obtenção do apoio médico (e social) e a percepção de seu status de "órfãos clínicos" 33 .…”