Neste artigo, buscamos evidenciar a importância política das denúncias para a afirmação, na opinião pública internacional, do caráter autoritário e violento da Ditadura brasileira durante o período de 1969 a 1974. Elas demonstraram seu peso político à medida que o espaço na opinião pública internacional se ampliava para sua circulação, evidenciando representações que afrontavam aquelas difundidas pelo Poder Político Ditatorial vigente no Brasil. Nesse sentido, configurou-se uma luta simbólica em torno da realidade brasileira, na qual a Ditadura buscou se afirmar cunhando a representação “campanha de difamações contra o Brasil”. Dessa maneira, situamos nossa pesquisa no campo da História Cultural. A partir do estudo bibliográfico e da análise de documentos produzidos pela Divisão de Segurança e Informação dos Ministérios da Justiça (DSI-MJ), apresentamos uma cronologia das denúncias que circularam no exterior e verificamos que o Regime Militar sucumbiu ao paradoxo no qual se enredou, ou seja, provar que não era aquilo que realmente era, uma Ditadura autoritária e violenta.