Em 2000, Vladimir Putin assume a presidência da Rússia com a missão de recuperar a economia e reinserir o país no rol de nações classificadas como potência internacional. Entre as áreas estratégicas contempladas, destaca-se o setor energético. O ex-agente da KGB implementou uma política energética baseada no resgate do controle estatal sobre os recursos naturais e no uso das companhias energéticas como instrumento para a consecução dos interesses nacionais. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é apresentar a política energética implementada por Putin-Medvedev de 2000 a 2018, os quais se alternaram na condução do país ora como presidente, ora como primeiro-ministro, mas com clara ascendência do primeiro sobre o segundo. O texto está estruturado em três partes, que tratam (1) da renacionalização das companhias do setor energético, (2) do desenvol- vimento desse setor — via atração de investimento estrangeiro e modernização da infraestrutura — e, finalmente, (3) da utilização dos recursos energéticos como ferramenta de política externa. Conclui-se que o Kremlin recuperou o controle das maiores companhias energéticas e as utilizou para manter sua tradicional esfera de influência na Eurásia e estabelecer cooperações energéticas com seus principais clientes mundiais, contribuindo, dessa forma, para a recuperação econômica russa e um maior protagonismo internacional.