Esse artigo propõe pensar o modo como as anedotas vitais, conceito elaborado por Friedrich Nietzsche, foram apropriadas metodologicamente por Gilles Deleuze. Essa apropriação, acreditamos, coliga-se ao apelo deleuziano e deleuzo-guattariano por uma renovação da história da filosofia e pela construção de uma perspectiva criativa do ofício filosófico, com fortes impactos sobre o ensino dessa disciplina. Para tanto, iniciaremos recuperando o diálogo travado por Deleuze com algumas concepções canônicas sobre a história da filosofia, mormente as perspectivas de Ferdinand Aquié e Martial Gueroult. Procuraremos sondar o modo como o autor de Diferença e Repetição se inseriu em um debate metodológico sobre como realizar uma história da filosofia eminentemente filosófica. Desse modo, buscando compreender a perspectiva própria erigida por Deleuze, poderemos recuperar a importância das anedotas vitais para sua compreensão do papel da história da filosofia. Para tanto, recuperarmos a leitura vitalista da filosofia espinosana proposta por Deleuze em Espinosa: filosofia prática. Por fim, apresentaremos algumas inquietações sobre a relevância dos usos das anedotas vitais para a construção de um ensino de filosofia outro.