O presente trabalho discute a questão da influência do isolamento social como medida de combate à disseminação do vírus da Covid-19, os impactos deste no sujeito pós-moderno e na expressão de neuroses como resultado do conflito entre a necessidade de vínculos e os impasses que a pandemia do Covid-19 tem imposto. A fim de entender como alguns elementos neuróticos têm aparecido na atualidade, buscamos traçar uma cronologia do conceito de neurose partindo de Freud, que credita o estabelecimento desta ao conflito entre um impulso sexual e uma moral imposta socialmente. O superego se sustenta, chegando as novas propostas psicanalistas que passam a considerar cada vez mais a nova estruturação do sujeito ao longo do tempo, estabelecendo relações entre o contexto social-econômico-moral e as formas pelas quais estas têm se apresentado. Como aporte teórico para discutir a sociedade contemporânea, exploramos o conceito de modernidade-líquida proposto por Zygmunt Bauman e as características do indivíduo nascido nesta conjuntura e que tendem a torná-lo suscetível a desenvolver comportamentos neuróticos. O objetivo geral da pesquisa foi estabelecer relações entre o sujeito pós-moderno e a presença de comportamentos e pensamentos neurótico-obsessivos em um contexto no qual o distanciamento social se faz necessário; em específico, procurou-se qualificar comportamentos neuróticos em suas variações mais recorrentes antes e durante a pandemia, compreendendo seus mecanismos de ação e apontando a hipótese de que o isolamento como medida de enfrentamento frente à Covid-19 ocasionaria aumento na expressão de elementos obsessivo-compulsivos, a ser posteriormente verificada. Nesta investigação, de natureza exploratória bibliográfica, foram realizados levantamentos nas bases de dados da SCIELO, PEPSIC e Google Acadêmico, considerando os descritores em língua portuguesa: Modernidade líquida; Obsessão; Compulsão; Covid-19; Isolamento Social e outros que foram considerados relevantes, em diversas combinações. Não houve restrição quanto ao método empregado na seleção dos artigos e publicações, também foram realizadas buscas a partir das referências citadas nos trabalhos encontrados, com o objetivo de incluir estudos importantes relacionados ao foco central. A partir do disposto durante a fundamentação e discussão da hipótese, admite-se válida e provável a proposição da problemática, pois pressupomos que a restrição do contato social elimina possibilidades de o indivíduo evitar o confronto com suas alteridades, limitando as alternativas de fuga e, consequentemente, ficando mais exposto às neuroses resultantes da ausência de intimidade com si mesmo. Justificamos esta pesquisa apontando o diferencial que o contexto de isolamento proporcionará na análise do sujeito e o funcionamento das obsessões.