IntroduçãoUm método frequentemente usado nas ciências humanas é a entrevista (face-toface) com a aplicação de questionários (paper e pencil) em surveys (Henkel e Almeida, 2003). No processo de aquisição dos dados ocorre a transformação destes em categorias.Enquanto respostas levantadas por meio de perguntas fechadas com o uso de escalas ordinais ou nominais e indicação dos atributos não causam problemas de categorização, respostas abertas em geral limitam esse processo e influenciam a validade do survey, porque nessa comunicação direta entre entrevistador e entrevistado são incorporados códigos, símbolos, significados e aspectos de moralidade ou ética que dificultam o processo da decodificação. Este artigo trata do problema da categorização de respostas abertas em surveys políticos tendo como base a análise das respostas sobre política, governo e democracia levantadas em survey com 800 entrevistados na cidade de Belém do Pará. Para tanto, o artigo organiza-se da seguinte forma: na primeira seção, discutem-se os procedimentos técnico-metodológicos para lidar com as respostas em perguntas abertas em surveys políticos. A segunda seção apresenta a metodologia utilizada. Em seguida, na seção "Discussão e resultados", apresentam-se o perfil dos entrevistados e uma análise psicométrica e de missing value para indicar a compreensibilidade e a respondibilidade das perguntas sobre política, governo e democracia. As seções "O processo indutivo de categorização" e "O processo dedutivo de categorização" apresentam, respectivamente, os resultados das abordagens indutiva e dedutiva dos dados de modo a se compararem seus limites e possibilidades para a qualidade da análise de respostas abertas de surveys. Finalmente, a seção "A inter e a intraconfiabilidade da codificação" discute os http://dx