A literatura brasileira foi a Frankfurt: o Brasil como homenageado da Frankfurter Buchmesse (1994 e 2013)

Abstract

Nos decênios de 1990, 2000 e 2010 o Brasil atraiu a atenção do circuito literário internacional. Em diversas ocasiões, o país foi convocado a participar de feiras e festivais literários como convidado de honra (Feira do Livro de Guadalajara, Salão do Livro de Paris, Feira do Livro de Bolonha, etc.). Contudo, as participações do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt por duas vezes como convidado de honra (1994 – 2013) constituíram os momentos mais privilegiados de exposição do país na cena editorial mundial. Mesmo sendo uma arena eminentemente comercial, Frankfurt é muito mais que isso, tendo também importantes implicações simbólicas. Este artigo visa estabelecer uma comparação entre as listas de escritores oficialmente convidados pelo Ministério da Cultura nas duas edições da Feira em que o Brasil foi convidado de honra (em 1994 e 2013), também comparando as comissões organizadoras e os orçamentos de cada evento.

Strategies for transnational projection through international book fairs

“…Therefore, professionals in the book chain specialized in the sale and purchase of rights tend to opt for those in which the economic dimension of the book industry is a priority—without neglecting other capital at stake (symbolic, cultural, and literary)—and which have specific places for this purpose (Owen, 2008 ). Institutions (public and private) and policy makers must also make choices when deciding on the participation of a country, a culture/community, or a city in a fair (Dujovne & Sorá, 2010 ; Stella, 2020 ; Villarino Pardo, 2022 ) and, above all, if it includes the distinction of guest of honor given its interest in cultural promotion and internationalization actions (cultural and editorial). From the analysis of International Book Fairs—as a theoretical object or as an object of fieldwork—arises the hypothesis of considering how the IBFs themselves constitute, to a large extent and by themselves, types of ephemeral/temporary cities (Villarino Pardo, 2022 , p. 186) that are are integrated into the dynamics of a city (Barcelona, Bogota, Bologna, Buenos Aires, Frankfurt, Guadalajara, London, Madrid, Paris, São Paulo, Shanghai, Sharjah, etc.).…”

“…As Stella ( 2020 , p. 162) pointed out, “in the 1990s, 2000s and 2010s Brazil attracted the attention of the international literary circuit.” What this international projection implies—and not only in terms of the accumulation of literary or economic capital in the publishing field—has been made clear on different occasions (Dujovne, 2022 ; Lindoso, 2011 ; Muniz Júnior & Szpilbarg, 2016 ; Stella, 2020 ; Villarino Pardo, 2014 ). As an example, the president of the Fundação Biblioteca Nacional at the time when Brazil was the GoH at the IBF Frankfurt 2013, Renato Lessa highlighted, after the opening ceremony, the fact that the fair was “an opportunity to promote the Brazilian culture” (Frey, 2013 ), and took the opportunity to promote the continuity of public policies and the support of the private sector for the internationalization of the Brazilian publishing market and literature.…”

O retorno do recalcado: Estado e universo literário

“…Apesar das questões colocadas pelo livro não estarem formuladas dessa maneira, são perguntas que do ponto de vista de uma razão burocrática estatal fazem todo sentido. Embora não se trate apenas de uma avaliação de custos e benefícios e envolva também uma reflexão sobre diplomacia cultural e inserção estratégica de um país e uma língua no mundo, não há como escapar e olhar para o fato de que garantir a participação de uma nação em uma feira, mesmo que não seja convidada de honra e protagonista, envolve um grande investimento por parte do Estado, como pudemos exemplificar através do caso brasileiro (Stella, 2020).…”