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Antes da introdução da linha de montagem, a indústria automobilística -refletindo a organização e as relações ...!etrabalho existentes nas fábricas de bicicletas -não só contava com uma força de trabalho extremamente qualificada, como realizava suas operações através de equipes de trabalho. Estas equipes, além de executarem operações de montagem, também planejavam a produção -o planejamento era propriedade dos trabalhadores -resolvendo muitas vezes problemas de projeto."As relações básicas de prod ução na ind ústria automobilística que caracterizam sua produção no primeiro estágio, de 1900 a 1912, foram essencialmente herdadas da indústria de bicicletas. A fábrica típica de bicicletas da época de 1890 era organizada em torno de mecânicos qualificados que montavam as bicicletas a partir de componentes produzidos separadamente em metalúrgicas, fábricas de borrachas, etc. Em virtude do declínio da demanda, as manufaturas de bicicletas movem-se da falência da indústria em direção à crescente indústria automobilística e levam com elas a qualificação técnica, os arranjos organizacionais, e os mecâni-cos qualificados que constituíram as bases da primeira manufatura de automóveis. A primeira casa, que se tornou a Ford Motor Company, de fato refletiu a organização produtiva das fábricas de bicicletas. Era uma pequena oficina que continha dois tornos mecânicos, duas perfuratrizes, uma fresadora, um aplainador de madeira, uma serra manual, uma esmerilhadora, e uma forja. Sua força de trabalho consistia de quatro mecâni-cos, um modelador, um desenhista e um ferreiro. Isto foi em outubro de 1902. Eles produziram um carro em dezembro e então mudaram sua operação para uma remodelada oficina de vagão, usando uma máquina Olds a gasolina para movimentar o seu equipamento. A força de trabalho foi elevada para cerca de 125 trabalhadores, e a companhia colocou no mercado 1.700 carros naquele ano. Todos os componentes eram contratados fora. Somente a montagem e o projeto de algumas partes eram feitos na oficina. Na fábrica mesmo, os trabalhadores operavam como uma equipe. Eles planejavam a produção, resolviam problemas de projeto e construíam os carros inteiramente juntos como uma unida-Mas com a introdução da linha de montagem, principalmente com a adoção da esteira transportadora em 1913, inicialmente na fábrica de Highland Park, ocorrem importantes mudanças na forma de organizar o trabalho. O trabalho passa a ser desqualificado, parcelado e repetitivo, perdendo todo o sentido de atividade em grupo. O planejamento das tarefas antes internalizado passa a ser desenvolvido pelo setor de produção da empresa (externalizado), perdendo os trabalhadores a propriedade do planejamento. Ocorre uma separação entre a concepção e execução do trabalho. O que ganha a empresa em termos de eficiência e produtividade com a intervenção da administração da produção, definindo as tarefas e os movimentos físicos dos trabalhadores -em um certo sentido a esteira passa a decidir por eles -, perdem os operários em termos de autonomia de decisão e de espaço d...
Antes da introdução da linha de montagem, a indústria automobilística -refletindo a organização e as relações ...!etrabalho existentes nas fábricas de bicicletas -não só contava com uma força de trabalho extremamente qualificada, como realizava suas operações através de equipes de trabalho. Estas equipes, além de executarem operações de montagem, também planejavam a produção -o planejamento era propriedade dos trabalhadores -resolvendo muitas vezes problemas de projeto."As relações básicas de prod ução na ind ústria automobilística que caracterizam sua produção no primeiro estágio, de 1900 a 1912, foram essencialmente herdadas da indústria de bicicletas. A fábrica típica de bicicletas da época de 1890 era organizada em torno de mecânicos qualificados que montavam as bicicletas a partir de componentes produzidos separadamente em metalúrgicas, fábricas de borrachas, etc. Em virtude do declínio da demanda, as manufaturas de bicicletas movem-se da falência da indústria em direção à crescente indústria automobilística e levam com elas a qualificação técnica, os arranjos organizacionais, e os mecâni-cos qualificados que constituíram as bases da primeira manufatura de automóveis. A primeira casa, que se tornou a Ford Motor Company, de fato refletiu a organização produtiva das fábricas de bicicletas. Era uma pequena oficina que continha dois tornos mecânicos, duas perfuratrizes, uma fresadora, um aplainador de madeira, uma serra manual, uma esmerilhadora, e uma forja. Sua força de trabalho consistia de quatro mecâni-cos, um modelador, um desenhista e um ferreiro. Isto foi em outubro de 1902. Eles produziram um carro em dezembro e então mudaram sua operação para uma remodelada oficina de vagão, usando uma máquina Olds a gasolina para movimentar o seu equipamento. A força de trabalho foi elevada para cerca de 125 trabalhadores, e a companhia colocou no mercado 1.700 carros naquele ano. Todos os componentes eram contratados fora. Somente a montagem e o projeto de algumas partes eram feitos na oficina. Na fábrica mesmo, os trabalhadores operavam como uma equipe. Eles planejavam a produção, resolviam problemas de projeto e construíam os carros inteiramente juntos como uma unida-Mas com a introdução da linha de montagem, principalmente com a adoção da esteira transportadora em 1913, inicialmente na fábrica de Highland Park, ocorrem importantes mudanças na forma de organizar o trabalho. O trabalho passa a ser desqualificado, parcelado e repetitivo, perdendo todo o sentido de atividade em grupo. O planejamento das tarefas antes internalizado passa a ser desenvolvido pelo setor de produção da empresa (externalizado), perdendo os trabalhadores a propriedade do planejamento. Ocorre uma separação entre a concepção e execução do trabalho. O que ganha a empresa em termos de eficiência e produtividade com a intervenção da administração da produção, definindo as tarefas e os movimentos físicos dos trabalhadores -em um certo sentido a esteira passa a decidir por eles -, perdem os operários em termos de autonomia de decisão e de espaço d...
Rev. Adm. Empr.Tentaremos neste artigo utilizar a "redoma de vidro" como um elemento ilustrativo da relação entre os elementos subjetivos (trabalho humano) e objetivos (elementos materíals) do processo de trabalho sob domrnio do capital.A idéia da "redoma de vidro" nos veio a partir de uma visita de trabalho a uma empresa média do ramo mecâni-co. Acompanhados do proprietário/gerente, fomos conhecer as oficinas, quando, em um canto, visualizamos uma bancada com algumas ferramentas e objetos de trabalho; o trabalhador não estava ali no momento. O relato feito pelo empresário acerca do trabalho ali desenvolvido foi, mais ou menos, o seguinte: "Aqui o trabalhador monta, sozinho, essa parte do produto final. Q~ando nossa produção era de três unidades/dia, ele ficava o dia todo ocupado fazendo seu.trabalho -montar, engraxar, etc.; posteriormente, aumentamos a produção para cinco unidades/dia, e ele continuou ocupado o dia todo, da mesma forma; aumentamos depois para oito unidades/dia, e ele continuou ocupado o dia todo, sem alteração visrvel em seu ritmo de trabàlho." Observamos, claramente, desse relato que a produtividade possível de ser obtida daquele trabalhador era uma incógnita para o empresârio. Se antes produzia para três unidades, e agora produz para oito, será que não pode produzir para 10, 12 ou mais unidades/dia? Como o controle dos tempos e movimentos era, no caso, inteiramente do trabalhador, o empresârio "olhava, mas não via", ou melhor, não conseguia entrar no p-rocesso de trabalho do operário e desvendar seu mistério. Dar a idéia de uma "redoma de vidro" que se interpunha entre o operário e suas tarefas e o empresário.Iniciemos com a cooperação simples, quando, em seus primeiros passos, o capitalismo inaugura uma nova forma social de organizar a produção, sem realizar qualquer intervenção na forma técnica de produzir: "com respeito ao próprio modo de produção, a manufatura, por exemplo, mal se distingue, nos seus começos, da indús-tria artesanal das corporações, a não ser pelo maior nú-mero de trabalhadores ocupados simultaneamente pelo mesmo capital. A oficina do mestre-artesão é apenas ampliada",' Tem-se, nesse caso, o que Marx chamou de "subordinação formal" do trabalho ao capital, quandO as modificações na forma social ainda não permitiram uma "modificação essencial na forma e maneira real do processo de trabalho, do processo real de produção". Observa-se que "a subsunção do processo de trabalho no capital se opera com base em um processo de trabalho preexistente, anterior a essa sua subsunção no capital e com uma configuração baseada em diversos processos de produção anteriores e outras condições de produção; o capital subsume em si determinado processo de trabalho existente, como, por exemplo, o trabalho artesanal ou o tipo de agricultura que correspondeà pequena economia camponesa autônoma". S Para efeito de nosso objetivo, é fundamental colocar algumas idéias sobre o trabalho artesanal. "Aqui, o próprio trabalho é, em parte, a expressão da criação artrstica e,. em parte, sua própria recompensa...
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