universidade do Estado da bahia O artigo analisa questões relacionadas às escritas autobiográficas das obras A língua absolvida (2010a), Uma luz em meu ouvido (2010b) e O jogo dos olhos (2010c), de Elias Canetti, escritor judeu sefardita, de origem búlgara, nacionalidade inglesa e residência suíça, enfocando os processos formativos que permeiam a trilogia Autobiográfica que compôs o corpus de análise literária da pesquisa. Entende-se que o escritor compôs, com sua escrita autobiográfica, uma tentativa, no âmbito da ficção, de tratar de temas formativos, para além da escolarização e de seus paradigmas mais frequentes. Do ponto de vista metodológico, este estudo se desenvolve como uma bricolagem hermenêutica pela qual a produção literária do autor é revisada, no contexto cultural em que se produziu o sujeito narrador-personagem-autor da autobiografia, deixando que os conceitos e as discussões aflorem, ao longo do texto, à medida que necessários a determinados aprofundamentos. O trabalho discute as representações da relação professor-aluno, à luz da teoria melichiana, localizadas em duas imagens, a do mestre e a do professor, que, para além de qualquer dicotomia, evidencia a dimensão ética dessas inscrições, o dizer (do professor) e o mostrar (do mestre), como duas formas expressivas. O que se pode deduzir dessa diferenciação é que o mostrar, e o que ele acarreta -a ética, a estética e a religião -não pode se fundamentar no dizer, em uma teoria científica ou em uma demonstração, porque o que se pode mostrar não se pode demonstrar. Palavras-chave: Formação. Autobiografia. Educação.