A historiografia dos primeiros tempos do Brasil Moderno. Tendências e desafios das duas últimas décadas

Abstract

RESUMOEsse ensaio examina a importante produção histórica sobre o Brasil colonial, nos últimos vinte anos e observa que as diversas comemorações -a viagem de Colombo, o descobrimento do Brasil, a abolição da escravidão, bem como a transferência da Corte -deram origem a uma grande leva de publicações e guias de pesquisas. Ao longo deste período, a historiografia enfatizou a História Cultural em vez da História Social, e foi fortemente influenciada pela França, Itália, Portugal e Estados Unidos. Esse trabalho não abrange toda a riqueza da recente produção historiográfica e, portanto, se concentra, unicamente, sobre quatro temas principais: o primeiro é o crescente interesse pela História dos indígenas brasileiros, inspirado nos estudos antropológicos modernos; o segundo é a cultura afro-brasileira e a escravidão que continuam sendo um grande foco de pesquisas; o terceiro é a História Cultural da colônia, com uma ênfase sobre mentalidades, cultura material e dissidência; e, finalmente, um retorno ao governo e à administração que se aproveitou da revitalização da História Moderna dos primeiros tempos em Portugal pós-Salazar.Palavras-chave: Brasil colônia; historiografia; história cultural. ABSTRACTThis essay reviews the considerable historical production on colonial Brazil in the last twenty years. It notes that the various commemorations

A escola do diabo

“…Desde os primeiros contatos, os nativos da região Nordeste experimentaram processos de renovação tecnológica, política e cultural, como também relações de consanguinidade com os estrangeiros. Conforme compreendido em novas pesquisas, tanto nas primeiras entradas coloniais, quanto nos aldeamentos e fazendas, as mulheres indígenas tiveram grande participação nas "novas estruturas de parentesco e na criação de espaços culturais de interação durante as primeiras gerações de contato" 678 . No capítulo três, assinalei, por exemplo, que a Junta das Missões de Pernambuco relatou situações de indígenas que voltavam grávidas para os aldeamentos para criar os seus filhos mestiços; e eles teriam direitos iguais aos "puros índios", como alguns missionários interpretaram a declaração do Pontífice Gregório XIII e o Privilégio de Paulo IV 679 .…”

Senhores E Escravos: Uma Análise Da Composição Social Das Pequenas Propriedades No Alto Do Termo Da Borda Do Campo

“…Ao analisar a população cativa presente nos seis povoados, contabilizamos 1039 cativos africanos, 1190 mancípios crioulos, 207 escravos pardos e apenas 18 mestiços. O gráfico abaixo nos permite uma melhor visualização da população cativa do Alto do Termo da Borda do Campo: Os gráficos acima nos permitem perceber que 63% dos africanos que compunham as pequenas escravarias nos seis povoados do Alto do Termo da Borda do Campo encontravamse em idade produtiva, uma vez que esta idade poderia variar entre os 15 e 44 anos (SCHWARTZ, 1983). Estes escravos em idade produtiva eram considerados mais aptos ao trabalho do que africanos idosos, mulheres e crianças, possuindo consequentemente um preço mais elevado no mercado.…”

“…Vale ressaltar por fim, que mesmo se tratando de um ambiente rural, para os escravos a especialização de um ofício podia significar uma forma de distinção social, uma vez que como afirmou Stuart Schuwartz, a realização de tarefas específicas podia contribuir para produção de excedentes no domicílio, sendo possível a estes mancípios conseguir em alguns casos, até mesmo a aquisição de pequenos rendimentos resultantes de seus aperfeiçoamentos profissionais(SCHWARTZ, 1983). Lista Nominativa de Habitantes de 1831 nos permitiu avançar um pouco mais no conhecimento da população livre e escrava da Província de Minas Gerais no século XIX.Por meio da análise desta fonte documental, foi-nos possível analisar as principais características sócio-demográficas dos seis povoados que compunham o Alto do Termo da Borda do Campo, contribuindo para um melhor entendimento acerca da composição social da população presente nas áreas mais periféricas da Comarca do Rio das Mortes.Inicialmente optamos por apresentar os aspectos gerais destes seis povoados, englobando na análise os 652 fogos presentes no local.…”