INTRODUÇÃO: As novas exigências profissionais e laborais na Enfermagem constituem fatores de risco para a saúde mental dos enfermeiros, cujas consequências individuais podem ser o burnout e a desmotivação no trabalho, bem como, a nível organizacional, a qualidade dos cuidados prestados. OBJETIVO: Conhecer os níveis de burnout e de engagement numa amostra de enfermeiros, a sua inter-relação e variação em função de características sociodemográficas/laborais. MÉTODOS: Estudo transversal, descritivo e correlacional, desenvolvido no âmbito do projeto INT-SO "Dos contextos de trabalho à saúde ocupacional dos profissionais de enfermagem". Foram aplicadas versões portuguesas do Maslach Burnout Inventory e da Utrecht Work Engagement Scale, e um questionário de caracterização sociodemográfica/laboral a 346 enfermeiros do distrito do Porto, com participação anónima e voluntária. RESULTADOS: Encontraram-se níveis elevados de engagement, moderados de exaustão emocional e baixos de despersonalização, existindo 54% de enfermeiros com nível baixo de burnout, 36% com moderado e 9% com elevado. O burnout diminui com a idade e anos de serviço, surge associado a turnos rotativos, a trabalhar em hospitais, tem correlação negativa com o engagement e prediz mais fortemente o engagement (entre 19,6 e 39,6%) do que o inverso (entre 7,5 e 37,9%). CONCLUSÕES: A existência de 9% de enfermeiros em burnout confirma este grupo como em risco do adoecer psicológico. Os resultados apontam para a importância da saúde mental dos enfermeiros no contexto de trabalho, reforçando a prevenção do burnout e valorizando a saúde mental positiva expressa nas dimensões do engagement dedicação e vigor dos enfermeiros.