A Expansão Da Leishmaniose Tegumentar Americana No Município De Montes Claros - Minas Gerais

Abstract

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma antropozoonose que se encontra em crescente processo de urbanização. Constitui-se em um problema de saúde pública que, a partir da década de 1980 no Brasil, vem aumentando os números de casos registrados. A LTA é uma das afecções dermatológicas de grande preocupação devido a sua magnitude e o risco de produzir deformidade no ser humano, associando-se ao envolvimento psicológico. Dessa forma, o presente estudo objetiva discutir o aumento nos índices de ocorrência de leishmaniose tegumentar americana no município de Montes Claros - Minas Gerais. O processo metodológico constituiu-se em revisão bibliográfica e levantamento documental. Diante do aumento na notificação dos casos de LTA no município acima mencionado entre os anos de 2007 Ã 2013, denota-se a relevância deste estudo para a compreensão dos fatores que se correlacionam com a expansão da doença.

Epidemiologia da Leishmaniose Tegumentar Americana no estado de Minas Gerais

“…A fim de entender melhor a dinâmica da LTA, os dados do presente estudo foram comparados com dados nacionais do período de 2009 a 2018 10 , a fim de compreender se a dinâmica epidemiológica do estado é compatível com os dados levantados à nível nacional, além dos pontos onde são encontradas discordâncias. Estudos anteriores sobre a prevalência de LTA de abrangência nacional não detalharam de maneira significativa os dados por estado, e os estudos regionais do estado de minas gerais focam áreas de abrangência municipais, como nas regiões intermediárias de Uberlândia 4,9 , Ipatinga 11 , Teófilo Otoni 12 , Belo horizonte 13 , Divinópolis 14 , e Montes claros 15,16 . Os dados analisados demonstram que os casos clínicos que evoluíram para a cura tiveram uma média anual de 1060 (±139,20) casos, mas 22,6% apresentavam desfecho branco/nulo, algo que se repetiu em demais variáveis.…”

“…Em ambos, a prevalência da LTA se mostrou maior em indivíduos com a faixa etária entre 20 e 59 anos, normalmente relacionada à participação efetiva no mercado de trabalho (Figura 3). Embora o fenômeno também seja registrado na maioria de outros estudos em menor escopo de Minas 11,16,15 e outros estados 17,18 , tais figuras destoam de algumas análises municipais com alta prevalência em demais faixas etárias, como nos estudos de Bernardes 4 , Araújo 12 , Silva-filho 9 e Teixeira Neto 14 -algo que aponta para fortes determinantes regionais para a transmissão. O sexo mais atingido pela LTA é o masculino com 61,84% dos casos, apresentando tendência similar, à situação nacional onde o sexo masculino representa 72,64% dos casos observados 10 e corroborado pelos estudos regionais; houve prevalência de casos no sexo masculino em todos os estudos regionais do estado de Minas com detalhamento do sexo dos pacientes, variando de 52% 11 até 90,48% 4 de prevalência.…”

“…3, dezembro de 2022 doença por muito tempo foi relacionada ao ambiente rural, devido aos seus hospedeiros silvestres serem importantes reservatórios para infecção do vetor e posterior infecção do hospedeiro humano. Houve grande variância entre os estudos sobre a LTA em regiões do estado de Minas Gerais, com estudos polarizados para casos rurais 11,12 casos urbanos 4,9,14,15,16 e, segundo Temponi 13 , são demonstradas 2 diferentes regiões com polarizações diferentes para o mesmo período. Algumas hipóteses tentam elucidar o porquê de tal dinâmica epidemiológica.…”

“…É importante ressaltar que ambas hipóteses não são obrigatoriamente (e nem provavelmente) independentes, visto que ambas se baseiam em resultados diretos da intervenção humana no ambiente e estão intrinsecamente às dinâmicas espaciais e sua falta de organização, como o êxodo rural desenfreado e a falta de infraestrutura urbana, que contribuem para o processo de consolidação da doença em espaço urbano 23 . Dessa forma, como afirmam Magalhães e Moura 16 , é errôneo pensar que fatores geográficos e climáticos são os únicos influenciadores na dinâmica da epidemiológica da LTA, visto que o processo de modificação desses fatores pelo homem e a desigualdade na construção de espaços onde os vários grupos populacionais se estabelecem são também fortes fatores influenciadores. Por fim, ao analisar-se a distribuição de casos em Minas Gerais de acordo com o mês de diagnóstico, entre os anos de 2007 a 2018, percebem-se 3 picos: um pico no mês de janeiro, relacionado a casos da manifestação cutânea da doença, e dois picos, nos meses de abril e agosto (estendendo-se à Setembro), relacionados à manifestação mucosa da leishmaniose tegumentar americana.…”