“…Some-se a isso ainda: a importância que as redes sociais teriam nas disputas políticas, uma "onda" que Bolsonaro soube "surfar" (Negri, Igreja & Pinto, 2019); o fato de que não só a direita soube utilizar desses eventos para "revigorar seu discurso e atingir os eleitores" (Negri, Igreja & Pinto, 2019:4), como também o fato de que o eleitorado brasileiro teria mais predisposições a se autoidentificar com a direita do que com a esquerda, conforme relata Singer (2021); e a crise econômica que se abateu sobre o país, gerando "frustração" e "ansiedade econômica" (Carvalho, 2020). Contextos de crises como as que se abateram sobre o Brasil, sobretudo a econômica, propiciam o surgimento de lideranças e partidos populistas e de extrema-direita (Mudde, 2021), como é o caso de Bolsonaro, no Brasil (Mudde, 2019), mas de outros políticos pelo mundo. Os eventos no cenário nacional, portanto, apenas desenham as particularidades da variante brasileira de um fenômeno observável em outros países e que não são, necessariamente, recentes: isto é, informa-nos Mudde (2019) que a ascensão da extremadireita a nível global não significa o "surgimento" destes partidos e movimentos, mas, sim, o reposicionamento deles nos contextos locais e nacionais.…”