“…Opondo-se a enfoques que decodificaram a "experiência moderna" como epifenômeno puramente europeu, nos últimos anos, têm emergido discursos alternativos: "modernidades múltiplas", de Shmuel Eisenstadt (2002) e Gurminder Bhambra (2007), "modernidades alternativas", de Dilip Gaonkar (1999), "muitas modernidades", de Björn Wittrock (2000), "modernidades periféricas", de Beatriz Sarlo (2010), "variedade de modernidade", de Volker Schmidt (2006), "modernidades globais", de Arif Dirlik (2003), "terceira fase da modernidade", de José Maurício Domingues (2011), "modernidade seletiva", de Jessé Souza (2000), "modernidades entrelaçadas", de Shalini Randeria (2010) e Göran Therborn (2003), "transmodernidade", de Enrique Dussel (2002) Ainda que a Sociologia, quando comparada a outras áreas das Humanidades, tenha se mostrado vagarosa em envolver-se com os programas teórico-metodológicos e epistemológicos dos aportes pós e decoloniais (ADAMS BHAMBRA, 2010;COSTA, 2006a;GO, 2013;GO, 2016;HANAFI, 2020;MCLENNAN, 2003;SITAS, 2006), como fez com a Teoria Crítica no pós-guerra, a disciplina tem dado sinais de revigoramento quando essas contribuições são mobilizadas para colocar em xeque padrões metrocêntricos de produção do conhecimento, seja desmontando metanarrativas originárias (CONNELL, 2007;ALATAS;SINHA, 2017;STEINMETZ, 2013), seja dilatando fronteiras epistêmicas (PATEL, 2014;KEMPEL;MAWANI, 2009). De um lado, seria possível afirmar que as teorias pós e decoloniais avançaram críticas importantes a respeito dos processos que fundamentaram a institucionalização da Sociologia, o que implica reconhecer que a disciplina se firmou como um tipo de racionalização científica da "modernidade europeia" durante o auge do imperialismo/colonialismo.…”