A construção da parentalidade após a dissolução conjugal e as oficinas de parentalidade

Abstract

O presente estudo é uma pesquisa qualitativa que tem por objetivo descrever as percepções de pais e filhos que participaram das Oficinas de Parentalidade acerca da construção do exercício da parentalidade após a dissolução conjugal e as reverberações da participação nas oficinas em suas relações. O método utilizado foi o de estudo de casos múltiplos. Integraram este estudo três famílias compostas por pais, mães e filhos biológicos que participaram da Oficina de Parentalidade em uma cidade do interior de Minas Gerais. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se entrevistas semiestruturadas para pais e filhos. Os dados foram analisados segundo a técnica de análise de conteúdo. Pôde-se perceber o caráter emaranhado das relações conjugais e parentais e, também, a forma como a naturalização de papeis maternos e paternos repercute na construção da parentalidade, favorecendo conflitos de lealdade principalmente nas famílias que vivenciam processos litigiosos. Há um grande esforço tanto de pais quanto de filhos para se adaptarem às mudanças advindas da separação, sendo a Oficina de Parentalidade um importante instrumento de suporte às famílias.

Implicações para homens do afastamento do(a) filho(a) devido medida protetiva de urgência

“…(22) Esta ligação relacional é expressa por meio do cuidado recíproco, bem como do contato físico, emocional e afetivo. (23) Pode-se inferir, portanto, que o vínculo se constitui mediante investimento em um relacionamento que se fortalece por meio do contato físico e emocional entre os envolvidos.…”

Grupo psicoterapêutico com crianças que vivenciaram o divórcio dos pais

“…Sabe-se que o divórcio em si não é considerado nocivo aos membros da família e que suas repercussões podem ser tanto positivas quanto negativas, dependendo, em larga medida, da maneira como os genitores administram seus conflitos e envolvem os filhos em seus embates. Muitas vezes, a dissolução conjugal pode representar um alívio tanto para os pais quanto para os filhos, tendo em vista a possibilidade de experienciar um ambiente familiar menos conflituoso (NÜSKE; GRIGORIEFF, 2015;SILVA et al, 2020).…”

“…Dessa forma, se a vivência dos filhos em relação ao divórcio varia conforme o modo como os pais lidam com a situação, casais que conseguem lidar de forma positiva com a separação garantem que os filhos possam amadurecer positivamente após o processo (BRASIL, 2016;SILVA et al, 2020).…”

“…Mensalmente, são realizadas quatro oficinas com quatro horas de duração, em uma cidade do interior de Minas Gerais, ministradas por instrutores capacitados, utilizando o material do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) (SILVA et al, 2015). Nas oficinas de pais, realizadas em salas separadas para o ex-casal, são transmitidas técnicas de comunicação, informações sobre as consequências dos conflitos para os filhos e informações legais sobre alienação parental, guarda, visitas e pensão alimentícia.…”

“…Na oficina de crianças, são trabalhados temas relativos à separação dos pais, mediante uma linguagem lúdica. Na oficina de adolescentes, são oferecidos espaços de escuta e de auxílio em relação à separação dos pais (SILVA et al, 2015). Os temas trabalhados na intervenção proposta por Almeida e Monteiro (2012) são relacionados às mudanças decorrentes da separação dos pais, a sentimentos, pensamentos e comportamentos da criança.…”