A comunicação de um adulto diagnosticado no Transtorno do Espectro do Autismo: relato de caso

Abstract

Alterações na comunicação compõem uma das maiores dificuldades de pacientes diagnosticados no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), sendo que a intervenção precoce é considerada a melhor opção de tratamento, visando a obter bons resultados. Porém, há indicações na literatura de que o trabalho terapêutico com adolescentes e adultos pode ter resultados semelhantes .Objetivo identificar e descrever os avanços no desempenho comunicativo de um adulto com TEA, após 2 meses de atendimento fonoaudiológico Método: estudo qualitativo, do tipo estudo de caso de um adulto diagnosticado no Transtorno do Espectro do Autismo atendido em grupo por meio do dispositivo terapêutico Oficina de Cozinha Resultados: modificação na alternância de olhares, transposição de ecolalias mediatas, substituição de ações congeladas por palavras, algumas marcações de tempo. Conclusão: os resultados indicam que o paciente deu entrada no jogo intersubjetivo, condição para adequadas atitudes comunicativas, que já podem ser observadas.

Memórias maternas de cenas alimentares

“…Vale apontar que 36% alegaram não ter recebido nenhuma orientação para o desmame, 20% não responderam à pergunta sobre como foi operada a transição alimentar após o desmame, sendo 16% porque "preferiram não responder" e 4% por "não se lembrarem", o que coloca em realce a problemática das orientações às mulheres com relação à transição alimentar, muito ausente, tomada como algo natural, fácil e que se dá espontaneamente 5,6,26 .…”

“…44% das mães expressaram sua ausência neste quesito da maternagem por meio de respostas "não lembro", "não" (executaram esta atividade), "não sei", uma percentagem alta, dado o valor cultural com que a alimentação vai sendo emoldurada e sua operação definida, o que se dá numa construção da criança com sua família, inicial e preponderantemente, e círculo social 28,30 . É plausível que a formação que as mulheres recebem com relação à alimentação dos filhos, pautada, sobretudo na questão nutricional 5,6 , fazendo disto uma responsabilidade irrecusável, as leva a privilegiar certos alimentos, esquecendo de compartilhar seu gosto e textura com as crianças e desconsiderando suas preferências.…”

“…Em realidade, importa discriminar a função biológica da maternidade das funções de maternagem, essas culturalmente constituídas e, portanto, funções simbolicamente elaboradas. Quer dizer, alimentar a criança não é algo instintivo, é cena de maternagem que inaugura a relação da mãe com seu bebê, absolutamente condicional, e se compõe contingência de base para a constituição subjetiva do bebê e reelaboração subjetiva da mãe 2,6 .…”

“…Estudiosos do desenvolvimento infantil, reconhecendo a natureza simbólica desta cena, apontam a mútua constituição da linguagem e da alimentação e o papel fundamental da mãe 2,6 . Na década passada, alguns clínicos e estudiosos observaram que crianças com problemas de linguagem (desde pequenos e passageiros problemas articulatórios até a ausência de oralidade) apresentavam, também, problemas de alimentação (desde idiossincrasias alimentares até graves disfagias).…”

“…O estudo ora apresentado teve por objetivo descrever percepções e sentimentos maternos em cenas alimentares, da amamentação às refeições familiares, que representam uma história interacional importante 12 . Para tanto, foram investigadas as memórias de mães de crianças de até 12 anos, que podem trazer dados sobre aspectos emocionais, sociais e culturais pertinentes à compreensão das escolhas maternas no exercício da alimentação infantil, o que pode colaborar na identificação de pontos que podem promover ou obstaculizar boas cenas alimentares, cuidando do desenvolvimento de uma adequada interação mãe-criança, visto que problemas na alimentação atingem diretamente esta relação, com todos os consequentes que daí podem advir 2,6 .…”