O patrimônio cultural vem se ampliando exponencialmente ao longo dos últimos anos, consistindo em um fenômeno notável e característico de nosso tempo. Associado ao turismo cultural, também em franca expansão no mesmo período, ao ponto de se tornar uma das principais indústrias mundiais, o patrimônio se insere dentro da lógica cultural e econômica da pós-modernidade. As intervenções nos sítios históricos passam a ser regidas pela perspectiva do espetáculo e do consumo, privilegiando a aparência rejuvenescida e lúdica, e sua utilidade em detrimento da conservação de sua autenticidade e de sua relação com o tempo, e resultando em uma cisão entre a teoria da restauração e a prática contemporânea de preservação. Dividido em duas partes, em quatro capítulos, o presente trabalho propõe discutir na primeira parte, por meio de revisão bibliográfica, o contexto da patrimonialização, a relação da sociedade contemporânea com sua história e o impacto do turismo cultural. Na segunda parte, o centro histórico da cidade de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, se apresenta como um objeto de estudo que reflete a complexidade destas questões, analisado por meio de pesquisa de campo. Tombado em 1985, principalmente em função de sua paisagem junto ao mar, o centro histórico foi objeto de uma abrangente e celebrada intervenção realizada no âmbito do Programa Monumenta, na década de 1990. Ao longo do processo de requalificação e ainda hoje, a cidade enfrenta desafios que são representativos de uma problemática ampla, global e contemporânea, e suscita reflexões importantes quanto às questões teóricas e práticas das intervenções em bens culturais, discutidas no último capítulo. Através da reflexão acerca desta problemática, propõese a discussão de possíveis caminhos para superar esta dicotomia, garantindo a sustentabilidade da atividade turística, sem prejuízos ao patrimônio que se pretende conservar.Palavras-chave: patrimônio histórico / espetáculo / turismo cultural / São Francisco do Sul.