Ensino de língua portuguesa e trabalho docente: perspectivas aplicadas sumário
PREFÁCIO Eulália LeurquinSe considerarmos o estímulo que vem sendo dado ultimamente à Educação Básica e ao Ensino superior, este em particular, optar por realizar pesquisas na área de Linguística Aplicada, com foco nesse contexto, já é um ato de muita bravura. Sim, vivemos uma profunda crise no Brasil e precisamos reagir, divulgando nossas pesquisas e mostrando para a sociedade a importância delas.
Eulália Leurquin
Janeiro de 2020Ensino de língua portuguesa e trabalho docente: perspectivas aplicadas sumário APRESENTAÇÃO Ao longo de três décadas no exercício do magistério, buscando desempenhar o meu papel de formadora, propiciei aos alunos (dos anos iniciais do Ensino Fundamental ao Ensino Superior) o acesso a diferentes mundos de letramentos e a terem consciência da importância do domínio da linguagem para transitar livremente na sociedade. Nessa mesma direção, ciente de que a escola, infelizmente, não tem conseguido formar leitores críticos e produtores de textos com proficiência, conforme mostram resultados de exames oficiais 1 (SAEB, ENEM, PISA), direcionei minhas pesquisas, em um percurso de 20 anos, à formação docente, em especial, à formação de professores para formar leitores e produtores de textos.Para tanto, adentrei às leis que regulamentam a educação, busquei compreender políticas públicas educacionais, saberes sociais, culturais, teóricos e experienciais. Deparei-me com as surpresas do previsível e, assim, preparei docentes para enfrentar conflitos e tomar decisões relacionadas ao ensino de leitura e de produção de textos na escola, entendendo que o professor precisa ter consciência do seu papel social e compreender o ensino como trabalho, além de ter metas e ética profissional, sobretudo, como ponto de referência (CORDEIRO et al, 2018).Ancorada nessa perspectiva de que educar exige consciência, saberes, metas e, em especial, ética profissional, travei uma luta em prol de uma educação de qualidade e de um ensino de Língua Portuguesa produtivo, capaz de dar condições aos alunos para terem domínio pleno de atividades verbais: ler criticamente, escrever para alguém ler, falar para auditórios, usando a modalidade adequada, refletir sobre a própria linguagem (RITTER, 2005).Nesse sentido, me posiciono contra um ensino de língua que conceba a leitura como mero processo de decodificação de signos linguísticos presentes na superfície do texto; a escrita como processo mecânico de codificação de signos, sem marcas de autoria; a oralidade como um simples ato de oralização de palavras e a gramática como um conjunto de regras do bem falar e escrever, independentemente dos sujeitos que atuam na sociedade por meio da linguagem.O horizonte do ensino não é entregar algo pronto ao aluno como um receptor que se apropria de um objeto, mas sim construir com o aluno, enquanto sujeito, um conhecimento como fruto de uma atividade conjunta, guiada por um outro sujeito mais experiente. (MARCUSCHI, 2004, p. 16). Nessa relação entre sujeitos, surge o ...