“…Desta perspectiva do forasteiro percebe-se a urbanização extensiva, ação antropocentrada que opera com a visão de curto prazo do lucro capitalista, e que indiretamente impõe a propriedade privada por sobre um território onde antes predominava o compartilhamento de recursos (Costa, 2019). Tal fato é agravado no capitalismo periférico, por um lado, pela precária organização institucional e pela carência de referência sobre o curso das transformações do setor público.…”
Section: Ajustando As Lentes Para Interpretar a Situaçãounclassified
O planeta está em uma emergência climática, e muito se fala sobre a prioridade de preservação de florestas, mas a conexão entre cidade e natureza ainda é pouco compreendida na floresta tropical brasileira. Na Amazônia, 80% da população vive em cidades, onde duas metrópoles – Belém e Manaus são referências para as cidades menores. Esta pesquisa identifica e espacializa as fases de formação de cinturas periférica para essas metrópoles, os processos socioeconômicos, usos e atores envolvidos na sua produção ou afetados por seu desaparecimento, sob a luz de uma socioecologia. As cinturas periféricas são marcadores de fases de expansão e estagnação nas duas cidades, onde as cinturas mais preservadas são aquelas destinadas a usos institucionais; porém, há rápido desaparecimento destes interstícios, seja por ocupação informal, seja por ação do setor imobiliário, face ao intenso fluxo migratório para as duas cidades. Conclui-se que a convergência entre aspectos ecológicos, de planejamento e morfologia urbanos é urgente porque tanto dentro quanto fora das cidades a floresta é meio de produção da população nativa e de prestação de serviços ecossistêmicos, e porque os circuitos curtos e fluxos de conexão entre cidade e floresta favorecem a vida tanto local quanto globalmente.
“…Desta perspectiva do forasteiro percebe-se a urbanização extensiva, ação antropocentrada que opera com a visão de curto prazo do lucro capitalista, e que indiretamente impõe a propriedade privada por sobre um território onde antes predominava o compartilhamento de recursos (Costa, 2019). Tal fato é agravado no capitalismo periférico, por um lado, pela precária organização institucional e pela carência de referência sobre o curso das transformações do setor público.…”
Section: Ajustando As Lentes Para Interpretar a Situaçãounclassified
O planeta está em uma emergência climática, e muito se fala sobre a prioridade de preservação de florestas, mas a conexão entre cidade e natureza ainda é pouco compreendida na floresta tropical brasileira. Na Amazônia, 80% da população vive em cidades, onde duas metrópoles – Belém e Manaus são referências para as cidades menores. Esta pesquisa identifica e espacializa as fases de formação de cinturas periférica para essas metrópoles, os processos socioeconômicos, usos e atores envolvidos na sua produção ou afetados por seu desaparecimento, sob a luz de uma socioecologia. As cinturas periféricas são marcadores de fases de expansão e estagnação nas duas cidades, onde as cinturas mais preservadas são aquelas destinadas a usos institucionais; porém, há rápido desaparecimento destes interstícios, seja por ocupação informal, seja por ação do setor imobiliário, face ao intenso fluxo migratório para as duas cidades. Conclui-se que a convergência entre aspectos ecológicos, de planejamento e morfologia urbanos é urgente porque tanto dentro quanto fora das cidades a floresta é meio de produção da população nativa e de prestação de serviços ecossistêmicos, e porque os circuitos curtos e fluxos de conexão entre cidade e floresta favorecem a vida tanto local quanto globalmente.
“…Esta exploração foi engendrada pelas missões religiosas, mas foi consolidada por coordenação laica, com o auxílio da escravização de pessoas indígenas e negras, do cardoso, ana cláudia duarte a trama dos povos da floresta: amazônia para além do verde estímulo à miscigenação para formação de famílias híbridas entre nativos e portugueses, da fixação da população no território em vilas e cidades -aproveitando os conventos que se apropriaram das aldeias -e, em última instância, do recurso à urbanização para controle do território conquistado. Costa (2019) destaca que tais estratégias foram ambivalentes: consolidaram o reconhecimento da importância do trabalho dos nativos e, simultaneamente, iniciaram a degradação do aparato tecnológico que havia se acumulado na região. Explicando melhor, mesmo que os produtos da floresta -especiarias/drogas do sertão, frutos, óleo de peixe etc.…”
Section: Da Colonização Ao Racismo E Ao Desmatamentounclassified
“…Esse movimento promoveu uma ruptura em uma tendência histórica de assimilação de mão de obra recém-chegada para a produção a partir da floresta viva, baseada em um arranjo de interdependência entre cidade e floresta, que era devidamente mediado pelas vilas e localidades, a partir das quais se dava o acesso às rotas de coleta na floresta (COSTA, 2019;VENTURA NETO, 2017). Tal arranjo era típico na Amazônia brasileira, mas Saqalli et al (2020) também o descrevem como válido para a selva pan-amazônica.…”
Section: Da Colonização Ao Racismo E Ao Desmatamentounclassified
“…Segundo Mourão (2008), os assentamentos não chegaram a ser planejados; em sua maior parte, houve legitimação de assentamentos espontâneos, que se constituíram em meio a uma marcha de apropriação de terras. Costa (2019) explica que a destinação das terras anteriormente ocupadas por floresta para atividades agropecuárias não só as transformou em mercadoria, como foi seguida pela prática de formação de estoques de terra como medida contracíclica em relação à economia de produtos agropecuários.…”
Section: Da Colonização Ao Racismo E Ao Desmatamentounclassified
Este artigo oferece uma narrativa instruída por revisão de literatura e pesquisa empírica para demonstrar que a colonização e o racismo estão ligados à cultura de desmatamento e devastação da Amazônia. Aponta, ainda, a importância que o esquecimento das pessoas e de suas espacialidades tem para as aparentes dificuldades de articulação entre o todo (a floresta) e as partes (vilas e cidades), assumidas como fragmentos que abrigam a vida cotidiana. Apresenta-se a formulação da trama dos povos da floresta como uma espacialidade nativa capaz de orientar o reencontro dos diversos campos de conhecimento com as múltiplas escalas e temporalidades entrelaçadas da região e oferecer soluções possíveis para as múltiplas crises globais já colocadas no século XXI.
“…A Amazônia é um laboratório diferenciado para esta discussão, porque suas formações naturais sempre estiveram (muito e bem) habitadas por populações nativas (povos indígenas, comunidades quilombolas, famílias ribeirinhas) e por camponeses migrantes que assumiram o marco tecnológico já praticado na região (HECKENBERGER et al, 2008;COSTA, 2019). E por isso permite a subversão didática do olhar habitual sobre dados, mapas, representações, linguagens e símbolos, associados a visões já assumidas oficialmente como hegemônicas.…”
Section: A Transformação Da Hinterlândia Em Espaço Periurbanounclassified
Este texto aborda a complexidade do município amazônico como ilustração para reflexões sobre a necessidade do urbanismo do Sul-Global incorporar discussões socioambientais. Parte-se das teses sobre estruturação do espaço intraurbano e sobre corredores verdes e azuis com o suporte de revisão de literatura, mapas históricos, pesquisas de campo, dados disponíveis em bases oficiais e uso de geotecnologias. No percurso, o clássico espaço intraurbano foi ampliado, e a partir de uma perspectiva decolonial, os territórios de povos da floresta foram reconhecidos como parte de uma variante de trama verde e azul. Conclui-se que a um urbano estendido corresponde um periurbano estendido, invisiblizado e sob forte pressão para seu desaparecimento, mas que é portador de soluções para crises socioambientais e conflitos recentes estabelecidos entre a cidade histórica e os ciclos e processos da natureza.
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