A Autoria Docente Nos Processos De Elaboração Curricular De Matemática

Abstract

O propósito deste texto consiste em, partindo das pesquisas sobre currículos e sobre currículos de matemática, identificar perspectivas para a pesquisa capazes de promover e de potencializar a autoria docente nos processos de elaboração curricular. Para isso, tomamos o referencial da Sociologia das Ausências e das Emergências tanto para compreender a natureza da ausência da autoria docente nesses processos como também para endereçar possibilidades no campo das emergências. A proposta de desinvisibilizar os currículos pensadospraticados de matemática, em especial aqueles de caráter emancipatório emerge, nesse contexto, como alternativa teórico-metodológica para a fundamentação de perspectivas para a pesquisa sobre a prática de quem ensina matemática. Assumi-la corresponde, como argumentamos no texto, à tentativa de promover e de potencializar a autoria docente nos processos de elaboração curricular.

Desinvisibilizar currículos pensadospraticados de matemática, perspectivas para a pesquisa em currículo

“…Em trabalhos anteriores (Valle e Conrado, 2019;Valle, 2021;, temos discutido o modo como a história recente da produção das políticas curriculares, em particular de matemática, tem operado de modo verticalizado, denotando uma perspectiva ainda muito amparada pela dicotomia entre elaboradores e executores do currículo. Esse paradigma de elaboração curricular, ao não incorporar ou validar experiências pedagógicas em curso, contribui para o desperdício dos currículos pensadospraticados (Oliveira, 2012).…”

“…Esse paradigma de elaboração curricular, ao não incorporar ou validar experiências pedagógicas em curso, contribui para o desperdício dos currículos pensadospraticados (Oliveira, 2012). Também, na medida em que desperdiçamos as experiências em curso, ocultamos os autores dessas práticas, os sujeitos pensantespraticantes do currículo, cuja presença reivindicamos por meio do conceito de autoria docente (Valle, 2021).…”

“…Dentre as indagações do segundo grupo lemos: "Como promover/potencializar a autoria docente no processo de elaboração e desenvolvimento curricular?". Como afirmamos em textos anteriores (Valle, 2021;, só faz sentido falar de promover ou potencializar a autoria docente porque sua criação tem sido produzida ativamente como ausente, inexistente, inclusive/sobretudo pelas políticas curriculares prescritivas.…”

Um estudo dos pareceres dos especialistas no processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular de Matemática: primeiras aproximações

“…O presente texto pretende sistematizar parte do desenvolvimento e alguns resultados do projeto de investigação institucional intitulado "Matemática nos currículos da Educação Básica, suas epistemologias e políticas". O objetivo principal consiste em mapear e analisar, sob diferentes enfoques, as propostas curriculares e/ou os currículos prescritos no Brasil, desde 1929 até 2019, a fim de responder quais concepções de matemática escolar e concepções de ensino subsidiaram cada proposta, bem como discutir os contextos de produção/formulação de cada proposta curricular em termos da autoria docente em sua elaboração (VALLE, 2021a).…”

Matemática e território sob uma perspectiva crítica: uma análise das propostas elaboradas por professores

“…Questões de urgência social fazem parte da realidade, mas, é fato que, quando há assuntos relacionados à realidade nos livros didáticos, por vezes, há uma artificialidade nos contextos, e não é este o foco que queremos para tratar do ensino de matemática a partir do território. A tirinha abaixo ilustra o que diz este parágrafo: Um aprofundamento sobre como esse tema pode se desdobrar nos currículos de matemática pode ser encontrado em Valle (2021a). Esse autor se dedica a reconhecer e mobilizar o referencial freireano como suporte para orientar o currículo de matemática, de modo que este leve em consideração os temas geradores, como o território em que a escola está inserida, para abordagens em sala de aula.…”