Vários estudos, desde a antiguidade, buscaram explicar e demonstrar a relação da área cerebral lesionada com os “sintomas” dos afásicos. A literatura específica, destacando-se Luria (1981), discute essa questão ao analisar as lesões de soldados feridos em guerra. Este estudo está ancorado nos pressupostos da Neurolinguística Discursiva e tem, como base, os estudos de Luria (1981) acerca do funcionamento do sistema nervoso central. O objetivo deste trabalho é o de analisar as manifestações linguísticas em afásicos, correlacionando-as com o tipo de lesão apresentada pelos participantes da pesquisa e os aspectos individuais de cada sujeito, além de caracterizar o tipo de afasia, dentro da perspectiva Luriana. Além disso, esta pesquisa realizou a identificação das similaridades e diferenças acerca dos quadros afásicos apresentados pelos informantes. A análise foi realizada em sujeitos inseridos no Programa de Atenção Domiciliar e indivíduos oriundos do hospital privado - Instituto Brandão de Reabilitação (IBR), na cidade de Vitória da Conquista/BA. Durante as avaliações, foram descritas as produções de linguagem de cada sujeito, considerando idade, gênero, nível de escolaridade, profissão e aspectos psicossociais, sendo adotada, para este estudo, uma análise de caráter qualitativo. Esta pesquisa foi realizada com um total de 08 sujeitos, dentre os quais foram classificados os tipos de afasias, equiparando o tipo de lesão com a manifestação de linguagem apresentada por cada sujeito, descrevendo as suas similaridades e diferenças entre os participantes da pesquisa e descrições da classificação das afasias, segundo os postulados de Luria (1981). Ao longo deste trabalho, pode-se observar que existem vários conflitos no que tange às classificações das afasias, tanto no que diz respeito às questões de localização, como à relação direta e esperada para as suas manifestações linguísticas. Assim, esta pesquisa buscou demonstrar a importância de uma avaliação cuidadosa que leve em conta, em primeiro lugar, o sujeito e suas manifestações linguísticas, e que analise, detalhadamente, tanto as suas dificuldades, quanto o seu potencial, demonstrando que as produções linguísticas nem sempre serão compatíveis com a área lesada. Além disso, mesmo quando dois sujeitos apresentam a mesma lesão, podem apresentar manifestações diferentes, pois cada sujeito tem uma história de vida, com atuações muito diferentes, em relação ao seu funcionamento de linguagem.
Como citar:
DUQUE, Anna Clara Mota. Interrelações entre sujeitos afásicos, linguagem e diferentes lesões cerebrais. Orientadora: Carla Salati Almeida Ghirello-Pires. 2015. 91f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2015. DOI:https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2015.v3i1.52 . Acesso em: xxxxxxxx