A Amazônia de Arthur Reis: entre as "experiências do tempo" e as "intenções do agir"

Abstract

Na década de 1960, foi lançado o livro A Amazônia e a cobiça internacional, de autoria do amazonense Arthur Cezar Ferreira Reis. Neste, o autor denunciava a iminente perda da Amazônia, que estaria sob a ameaça de ser tomada por nações estrangeiras. Esse discurso, que arrogava para si a autoridade da história com vistas a se assentar "no verdadeiro" e, portanto, a se revestir da credibilidade necessária, na medida em que se fazia sob uma grave denúncia, exigia uma tomada de decisão por parte do Estado, que, segundo o autor, deveria colonizar/civilizar/desenvolver a Amazônia a fim de evitar a ação estrangeira na região. A obra historiográfica de Arthur Reis, que versa predominantemente sobre questões amazônicas, culminando com seu discurso político da cobiça internacional, rendeu-lhe um lugar cativo na vida pública nacional. Portanto, compreender os caminhos desse discurso e suas vinculações com o contexto político no qual foi forjado é o objetivo desta tese, que além de analisar os usos políticos do passado que deram base à representação histórica de Arthur Reis, propôs-se ainda a investigar as representações construídas acerca do autor no Jornal do Comércio do Amazonas e num conjunto de jornais impressos do país, predominantemente do Rio de Janeiro.