A aids como dispositivo: linhas, te(n)sões e educações entre vida, morte, saúde e doença

Abstract

Resumo Este ensaio pensa nas tramas e nas educações que permeiam o corpo através das linhas entre vida, morte, saúde e doença, focando na aids como um dispositivo que entremeia e é entremeada por estas múltiplas facetas de uma existência. Utiliza-se a cartografia como caminho de pesquisa e dialoga-se com autores como Gilles Deleuze, Michel Foucault, Félix Guattari, Suely Rolnik e Néstor Perlongher. Inicialmente, reflete-se nas conexões e nos atritos entre vida, morte, saúde e doença. Secundariamente, foca-se no conceito de dispositivo e na aids como um dispositivo. Por fim, mobilizam-se as linhas, os desejos, os tesões e as tensões que permeiam vidas afetadas pela epidemia de HIV/aids, como também em fugas, resistências e educações menores.

Mesclando imagens, criando narrativas outras: educações menores em HIV/aids e(m) filmes

“…Entendemos las fugas de/desde lo queer como las formas en que las experiencias, abordajes, deseos y prácticas de vida pueden desbordar tanto las políticas normativas como las narrativas normalizadoras de lo queer" (Rodríguez-Blanco & Zurian, 2022, p. 3). 12 Parte destas e de tantas outras questões são tangenciadas no artigo A aids como dispositivo: linhas, te(n)sões e educações entre vida, morte, saúde e doença (Sales, 2022a), também publicado em sua versão traduzida para a língua inglesa (Sales, 2022d).…”

“…Nas produções fílmicas habitam as possibilidades de engendrar educações menores que confrontem os dispositivos (Foucault, 2013) imbricados em torno do corpo, sobretudo a aids como um dispositivo (Perlongher, 1987;Sales, 2022a). As imagens e sons, ao inserirem o cinema como um (contra)dispositivo que atua como outra via de conhecimento, mobilizam tais fissuras, agenciam formas outras de narrar uma pandemia.…”

“…Todo este cenário de mudanças em torno da aids é marcado por dispositivos (Foucault, 2013) biomédicos que engendram formas de viver e de pensar, movimentando saberes e práticas em torno do corpo, do prazer e do desejo. A própria aids é articulada como um dispositivo (Perlongher, 1987;Sales, 2022a) que foi se cronificando com o advento dos avanços biomédicos, sobretudo das terapias antirretrovirais (Butturi Junior, 2019;Butturi Junior & Lara, 2018).…”