Necropolítica E Neoliberalismo

Abstract

O conceito de necropolítica introduzido no debate público por Achille Mbembe tem sido frequentemente mobilizado para a reflexão acerca das formas de violência perpetradas pelo Estado, especialmente contra as populações mais pobres e as minorias raciais. Entretanto a leitura do ensaio de Mbembe demonstra que, mais do que um desdobramento da biopolítica de Foucault – conceito que procura explicar as especificidades da dominação sob a égide do Estado moderno –, o conceito de necropolítica pretende dar conta do modo como a governamentalidade e suas tecnologias se impõem diante das mudanças na forma de reprodução social do capitalismo, no caso, as mudanças provocadas pelo neoliberalismo. Portanto pretende-se analisar como Mbembe, a partir da leitura crítica de Foucault, concebe a especificidade das formas de dominação no que considera ser a etapa neoliberal da economia capitalista.

Violence and vulnerability: the everyday life of black youth in suburbs of two Brazilian state capitals

“…The most diverse forms of violence are inflicted on black bodies and racialised subjects, by denying their humanity, the universal model being the white man. Non-whites are accessory bodies, humans of less disposable value, who can be raped, wronged and even killed [15][16][17][18][19][20] .…”

“…With the growth of militias, arms availability policies and the war on drugs, the Brazilian State has relativised guarantees and allowed the technologies of necropolitics to be applied and expanded, which has led to a genocide of black youth. A macabre mix of biopolitics, state of exception and state of siege that is bringing control techniques developed in extermination camps 17 into Brazil's favelas and peripheral neighbourhoods. When the production of necropolitics is interwoven with race and racism, the politics of death gains direction 18 .…”

Violência e vulnerabilização: o cotidiano de jovens negros e negras em periferias de duas capitais brasileiras

“…Aos corpos negros e sujeitos racializados são infligidas as mais diversas formas de violência, a partir da negação da sua condição de humanidade, já que o modelo universal é a do homem branco. Os não-brancos são corpos adjetos, humanos com menor valor descartável, que podem ser violentados, injustiçados e até mortos [15][16][17][18][19][20] .…”

“…O Estado brasileiro tem relativizado garantias e permitido que as tecnologias da necropolítica se pratiquem e se expandam com o avanço das milícias, com políticas de armamento e guerra às drogas, acarretando assim o genocídio da juventude negra. Há uma mistura macabra de biopolítica, estado de exceção e estado de sítio que leva para as favelas e as periferias brasileiras as técnicas de controle criadas nos campos de extermínio 17 . Quando se intercalam a produção da necropolítica com raça e com o racismo, a política da morte tem uma direção 18 .…”

Neoliberalismo e crise do capitalismo democrático

“…Nesse sentido vale a pena considerar Achile Mbembe (2017) em sua análise de como a democracia, fundada em um histórico de violência direcionada aos povos subalternos, hoje resta em estado precário sob uma política de guerra e de inimizade -que vitima majoritariamente a população vulnerável, particularmente negra Almeida (2021),. com base na obra desse autor, também trata sobre o elo entre necropolítica e neoliberalismo.…”